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Chega de humilhar os jornalistas Sr. Presidente (PARTE II)

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Não há muito tempo usei este título a propósito do vexame a que os jornalistas do Expansão foram sujeitos pelos serviços de inteligência quando tiveram a ousadia de pedir o credenciamento junto do Conselho de Ministros do Governo de Angola. Recupero o título a propósito do que se passou ontem com a suposta conferência de imprensa de balanço do III Trimestre de execução do Plano de Estabilização Macroeconómica.

Luís Fernando, secretário para os Assuntos de Comunicação Institucional e de Imprensa, decidiu "roubar" o palco aos verdadeiros protagonistas: o ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico, Manuel Nunes Júnior, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, o ministro da Economia e Planeamento, Luís Pedro da Fonseca, e o Governador do Banco Nacional de Angola, José Massano.

Ainda a conferência não tinha começado já Luís Fernando era notícia ao convocar para a conferência de imprensa apenas a comunicação pública: TPA, RNA e Jornal de Angola - por razões que me escapam não foram convocados o Economia & Finanças e o jornal do Desportos. A TV Zimbo foi a excepção que confirma a regra.

O resto da comunicação social angolana foi olimpicamente excluída da convocatória. Ainda assim, alertados pelos colegas da TPA, RNA e JA a imprensa privada, incluindo o Expansão, fez-se presente. Se a comunicação social privada angolana tem razões de queixa, o que dizer dos correspondentes estrangeiros que foram expulsos da sala onde decorreu a conferência de imprensa por Luís Fernando, com o argumento de que não foram convidados. A imprensa privada angolana também não foi convidada, mas não foi retirada.

O protagonismo do secretário do PR prolongou-se pela conferência de imprensa ao escolher a comunicação social pública para as três primeiras perguntas. Quando os jornalistas presentes esperavam, no mínimo, um segundo round de perguntas, Luís Fernando não só deu por encerrada a conferência de imprensa como proibiu qualquer contacto dos jornalistas com os ministros e o Governador.

Dizem que quem não sente não é filho de boa gente. Pois bem, o Expansão sentiu. Termino com uma pergunta. O que tem o Governo a esconder da execução do plano de estabilização macroeconómica para não deixar que a imprensa privada, em geral, e o Expansão, o melhor jornal da especialidade em Angola, em particular, faça perguntas à equipa económica?

Por muito que os serviços da Presidência, seja de Inteligência seja de Imprensa, continuem a humilhar os jornalistas, não desviarão os jornalistas do Expansão do seu objectivo: informar com verdade, rigor e independência os nossos leitores, os nossos únicos juízes.

Editorial (2) da edição n.º 501, de 30 de Novembro de 2018, já disponível em papel ou em versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui.

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