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Opinião

Empresários e banqueiros uni-vos!

Editorial

O financiamento do sector privado é o tema de um seminário que Banco Nacional de Angola organiza na quarta-feira. Se há algum consenso entre os que acompanham a economia angolana ele é seguramente o de que será o sector privado a tirar-nos da crise que estamos com ela.

Para nos tirarem da crise os privados precisam de investir. Para investirem precisam de financiamento.

Quando se fala em financiamento, os bancos estão na linha da frente. O problema dos banqueiros é saber a quem emprestar o dinheiro que captam, devido ao risco, isto é, à possibilidade de os clientes a quem emprestam dinheiro não pagarem os valores acrescidos dos juros.

A maka do crédito em Angola ou da falta dele, nomeadamente do crédito ao investimento, não é que os bancos não tenham dinheiro para emprestar ou que não o queiram fazer. A maka, em muitos casos, é a falta de projectos bancáveis, investimentos bem estruturados e bem geridos nos quais os bancos possam confiar.

Em todo o mundo, antes de avançarem com os empréstimos os bancos querem saber, entre muitas outras coisas, quem são os promotores do investimento - visão e objectivos da empresa, accionistas e gestores; o racional do projecto - mercado alvo, concorrência, vantagens competitivas; a rentabilidade do negócio - receitas, custos e lucros; e a estrutura de financiamento - capitais próprios e alheios. Estas e outras informações devem constar dos planos de negócio e estudos de viabilidade elaborados por entidades credíveis.

Adaptando uma frase do presidente Kennedy os empresários angolanos não devem apenas culpar os bancos, devem perguntar-se o que é que eles próprios fazem, nomeadamente ao nível da elaboração das propostas de crédito, para que os bancos lhes emprestem dinheiro.

Mas os bancos também têm de fazer a sua parte. Com o dinheiro que ganham com a dívida pública e as transacções cambiais, muitos bancos não estão nem aí para se sentarem com os clientes ajudando-os a melhorar as suas propostas. Se é verdade que os empresários têm de fazer mais para convencerem os bancos a emprestarem-lhes dinheiro, não é menos certo que os banqueiros precisam de sair da sua zona de conforto e arriscar um pouco mais.


Editorial da edição n.º 507, de 18 de Janeiro de 2019, já disponível em papel ou em versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui.