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Opinião

PR JLo, porquê tanta volta para obter as contas das empresas públicas?

Editorial

As contas da TAAG fazem a manchete e têm honras de destaque do Expansão desta semana.

Não é caso para menos. Que eu saiba - corrijam-me se estiver errado - é a primeira vez que um relatório e contas da companhia de bandeira é divulgado por um jornal. Parece mentira, mas é verdade. A TAAG não presta contas aos seus accionistas, no caso os contribuintes. Se o Estado é accionista da empresa, aliás o único, os contribuintes são indirectamente os únicos accionistas da companhia.

O leitor não faz ideia do trabalhão que deu arranjar o relatório e contas da TAAG.

Tudo começou com os prémios Sirius 2018 da Deloitte, revelados em Novembro, cujo júri elegeu o relatório e contas da TAAG de 2017 como o melhor do sector não financeiro.

A minha primeira reacção ao ter conhecimento do prémio foi de estranheza. Como é possível a TAAG, de quem eu nunca vi um relatório e contas, ter ganhado o prémio?

A segunda reacção foi de autocrítica. Devemos andar distraídos. Se calhar a companhia publicou o relatório e contas e o Expansão, ao contrário do que era sua obrigação, não deu conta.

A terceira reacção foi de alívio. Uma rápida investigação - que começou com visita ao site da companhia seguida de uma série de telefonemas e de emails para os departamentos de comunicação da própria da TAAG, dos ministérios de tutela, Finanças e Transportes, e do INAVIC, entidade supervisora da aviação civil - confirmou que a companhia não tinha publicado o relatório premiado.

A quarta reacção foi de estupefacção. Como é possível o relatório e contas de uma empresa pública que nunca foi divulgado publicamente ganhar um prémio? Pior. Como é possível a TAAG dar o relatório e contas para um prémio e não o divulgar para os seus accionistas, isto é os contribuintes?

A quinta não foi reacção foi acção. Tentar obter o relatório e contas da TAAG que ganhou o prémio Sirius. Aí começaram as voltas. A empresa e as entidades que a tutelam ou recusaram dar o relatório premiado ou empurraram para o vizinho do lado ou, simplesmente, não responderam aos pedidos do Expansão.

O Expansão não desistiu e, pela "porta do cavalo", lá obteve o relatório que divulga nesta edição.

Termino com uma pergunta ao PR JLo: O que é feito da promessa, na sua estreia, no discurso sobre o Estado da Nação, na Assembleia Nacional (AN), em 16 de Outubro de 2017, segundo a qual iria "instruir os membros do Executivo no sentido de prestar regularmente conta da sua actividade aos destinatários da nossa acção, os cidadãos angolanos".

Presidente JLo. Promessa é dívida. O Expansão vai continuar a cobrar a promessa.


Editorial da edição n.º 510, de 8 de Fevereiro de 2019, já disponível em papel ou em versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui.