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Opinião

A crise de combustível deu razão a Maquiavel

Ideias & Visões

Alguns detentores de cargos políticos confundem amiúde tecnocracia e política. Muitos lêem os discursos e agem sobrepondo a tecnocracia à política. Na tomada de decisões, esquecem-se da primazia da política sobre a tecnocracia. Este foi o alçapão de Saturnino. Talvez ele tenha faltado às aulas de Ciências Sociais. No campo das relações sociais muitos pensadores contemporâneos têm alertado para o fenómeno. Por isso, alguns detentores de cargos políticos deveriam consultar, com frequência, os cientistas sociais.

A crise dos combustíveis, que abalou o País, mostrou isso mesmo. Mostrou que a política não anda de mãos dadas com a tecnocracia. Ao privilegiar a acção técnica, menosprezando a política, Carlos Saturnino cometeu o maior pecado da sua gestão na Sonangol. Esse erro o afastou do cargo de presidente do Conselho de Administração.
Mas, há algo mais grave nessa simbiose entre o saber do tecnocrata e as decisões da política: a noção de expectativa racional parece se ter degenerado e perdido os referentes capazes de balizar o saber económico.
Há, no entanto, diversas maneiras de entender e mensurar o que aconteceu. Comecemos pelas justificações da própria Sonangol. Não se aceitam justificações estapafúrdias. Aliás, o País e o Banco Nacional Angola (BNA) têm dando sinais de recuperação. Aos poucos, o País está a ganhar alguma folga financeira.
Basta olhar para os montantes, em moeda externa, autorizados para estudos, saúde e importação de bens. Portanto, a alegação de que não há dinheiro, pelo menos essa, não colhe. A justificação do comunicado da Casa Civil da Presidência, também peca pelo argumento.

(Leia o artigo na integra na edição 526 do Expansão, de sexta-feira 31 de Maio de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)