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Opinião

Os desafios estão aí

Editorial

O exemplo da Segurança Social mostra um caminho interessante. Um sistema que se auto-sustenta, que aproveitou os excessos em anos mais largos para fazer face aos apertos que agora se vivem, com uma cultura de rigor que faz inveja a outros serviços públicos e uma postura de proximidade com os cidadãos que evita tratamentos desiguais de acordo com as hierarquias sociais pré-estabelecidas.

Não estamos a falar da perfeição certamente, mas seguramente de uma luz na gestão da "coisa pública". Se compararmos com outras instituições do Estado que agora passam pelo escrutínio público, nos tribunais ou nas páginas dos jornais, surge a natural dúvida, porque é que o INSS não descambou como os outros? Na resposta está certamente o entendimento de parte daquilo que nos aconteceu nos últimos anos e que podia ter tido um final diferente.
Isto a propósito da importância da cultura das organizações, que se fazem com regras e procedimentos entendidos e entendíveis, e que as mudanças não se fazem apenas com a troca dos chefes, mas fundamentalmente com a alteração de procedimentos. Não é possível ter instituições fortes com constantes mudanças de "treinadores", nem mudar procedimentos insistindo nas mesmas pessoas, mudando apenas os cargos. Esta ideia de dança das cadeiras, agora sais daqui e vais para ali, não contribui para o crescimento das instituições, e poderia até resultar, no limite. Mas a probabilidade é muito pequena. E porque não trazer novas pessoas para a gestão do sector público? Sem que isso implique um drama ou a quebra de princípios sagrados, que normalmente se querem justificar pelo argumento menos confiável nestas coisas, "ele sempre foi um dos nossos". Trocar a eficiência pela militância também não parece ser sinal de sucesso. Pelo menos não tem dado na maior parte dos casos.
Os desafios para o País estão aí. Que devem ser de todos. O envolvimento dos que querem contribuir não se coaduna com constantes atropelos ao capital mais importante das relações entre as pessoas - a confiança. E ninguém acredita numa lógica que não assente em critérios de verdade e transparência. Podem fingir que acreditam, mas é só para garantir o lugar. E não bastam palavras. O mais importante são os procedimentos. Ter bons treinadores nas conferências de imprensa não significa ganhar o jogo no domingo. E para ganhar o jogo do fim de semana, têm que jogar os melhores, os mais dispostos a correr pela equipa. Os que não pensam apenas com o umbigo, mas que também utilizam o coração na hora de decidir. Por agora vamos então esperar para a ver a convocatória, que possivelmente já terá saído quando estiver a ler estas linhas.