Gente para mudar Angola
A transformação das estruturas do Poder continuam o seu caminho, com a saída daqueles que estavam comprometidos com uma determinada forma de estar, e a entrada de novos pensamentos, que se espera que tenham uma conduta de acordo com o discurso do líder.
Interessante também a recuperação por parte de João Lourenço de alguns que já tiveram cargos de topo nesta estrutura, afastaram-se ou foram afastados, e agora regressam por uma porta que conhecem bem. Interessante também a mistura de gerações, longe dos tempos em que os ministros eram todos da mesma faixa etária.
O conflito de gerações é mais sentido nas empresas públicas e nas instituições do que propriamente no Governo, onde uma nova geração de secretários de Estado, com idades entre os 35 e os 45 anos, vão ganhando espaço de intervenção, sendo que estes têm hoje uma exposição mediática e uma liberdade de acção maior, quando comparado com aquilo que acontecia há cinco anos. Também é justo salientar que esta "malta jovem" está hoje mais bem preparada, tem maior domínio das tecnologias, faz mais rápido e com maior produtividade. Se isto não se tornar numa ambição desmedida, com ausência dos valores que construíram a nação no pós-independência - solidariedade, integridade e preocupação social - então temos gente para mudar Angola.
E não deve haver medo nem receio quando os vemos a subir na hierarquia das organizações. Temos é de estar atentos para que todos possam ter as mesmas oportunidades, sem lhes atribuir mais-valias apenas pela casta que ostentam no nome, ou a fortuna que trazem na carteira. Os exemplos que muitos deles viram na sua juventude não foram muito bons, estávamos no caminho contrário da acumulação de riqueza a qualquer preço, mas penso que muitos percebem hoje, contrariamente à geração anterior, que o bem-estar, a segurança e a felicidade não se trocam por um "punhado" de dólares. E muitos deles querem viver mesmo aqui, não querem ir todas as semanas ao Colombo como faziam as castas dominantes há 10 anos, e é por aqui, nas suas cidades, que têm de ajudar a construir os "Colombos" que satisfaçam as suas naturais necessidades.
Com toda a sinceridade, eu acredito nesta "gente jovem". Não são todos, claro, mas grande parte. A passagem pela Angotic permitiu-me sentir o pulsar de muitos deles. Gostei do que vi. Empenhados, críticos, muitas vezes irreverentes, têm a enorme vantagem de ter uma opinião. Que a expressam publicamente sem grandes receios. Posso não estar de acordo com o que dizem. Muitas vezes não percebo. Mas sinto as ondas positivas. Vamos lá meus "miúdos" fazer um País melhor!