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"É na crise que as pessoas se reinventam e se reeducam"

KIZUA GOURGEL, MÚSICO E COMPOSITOR

O cantor Kizua Gourgel lança este mês o segundo trabalho discográfico que está pronto desde 2009. Vive da música cantando de bar em bar pelo País, mas sente os efeitos da crise na indústria da música. E diz que a nova geração tem bases firmes.

Está a preparar o lançamento de mais um álbum. Quanto investiu e quantas faixas musicais comporta?
Terá 15 faixas. Quanto ao investimento, tem sido pessoal e ainda não está quantificado.

Teve algum patrocínio?
Até ao momento, tem sido por meios próprios, embora haja algumas negociações a decorrer no sentido de parcerias.

Que estilo musical vamos ter desta vez e tem alguma participação especial?
Como é hábito, não executo um estilo único e específico, podendo considerar a minha música multi-estilística. E este novo trabalho não foge a esta regra. Em termos de participações, pretendo contar com a de Olavo Bilac.

Há quanto tempo iniciou a carreira e quantos discos já editou?
Em termos de carreira, já se podem considerar 36 anos. Há 18 anos que vivo exclusivamente da música. Discos, na realidade tenho dois. Um single já editado, lançado em 2006 e que culmina no álbum "Kizuísmo", pronto desde 2009 mas que por força de alguns desacertos com anteriores editores, só será lançado agora, no próximo dia 25. Sendo um músico de bar, toco semanalmente em vários locais, em Luanda e no resto do País. No mínimo, um show por semana, mas por vezes não há qualquer dia da semana livre.

Um espectáculo do Kizua Gourgel pode custar quanto?
São vários os formatos dos shows que monto. Assim sendo e tendo em conta a complexidade do mesmo, número de músicos envolvidos, exigências técnica, vão desde 1,6 milhões Kz a 12 milhões Kz.

Dá para viver da música?
Sim dá, mas requer disciplina, empenho e sacrifício. A música é rentável em qualquer parte do mundo. Viver dela, requer sentido de profissionalismo, visão do mercado e criação de oportunidades.

Quando teremos um espectáculo seu?
O primeiro show já teve lugar no Centro Cultural Nzinga Mbande no dia 10 de Maio. Os próximos acontecerão até Março de 2020. Um pequeno showcase privado para convidados está marcado para dia 25 de Julho, na conferência de imprensa, acto oficial de lançamento do álbum "Kizuísmo", há muito por lançar, encerrando assim o ciclo desse projecto. O novo álbum terá como título "Rotineiro Incansável" e é para esse projecto que queremos virar as nossas atenções.

Como é que olha para a nova geração de músicos?
A nova geração vem com mais bases já estabelecidas pelas gerações anteriores, mas com muita sede de alcançar objectivos de forma veloz e fácil. Recebi frequentemente convites de participações e até de produção. Anualmente participo e produzo para muitos outros músicos.

Sente o impacto da crise na música angolana e pessoalmente como olha para a realidade económica do País?
Até há algum tempo, digamos três anos, o impacto da crise pouco se fazia sentir na minha área, com a especificidade que tenho como músico de bar. Mas ultimamente já se sente um recuo de quem contrata, fazendo com que seja obrigado a praticar preços mais acessíveis ou até mesmo negar ofertas que não correspondam ao valor que justifique a minha presença. Naturalmente isso dificulta um pouco as coisas e escasseia um pouco os rendimentos mas ainda não ao ponto de ter de procurar outro meio de subsistência, como já aconteceu no passado. A situação económica é preocupante, mas é um mal necessário para que as coisas vão ao lugar. É na crise que as pessoas se reinventam e se reeducam. É preciso é ter paciência, foco e bastante coragem.

Tem investimentos fora da música?
Tenho uma empresa virada para o investimento na música nos seus mais variados sectores. Desde a produção musical, indústria, matérias e acessórios, conceitos e propaganda.


Kizua Gourgel, homem da trova, lança "Kizuísmo"

Kizua Gourgel teve a influência da trova do seu pai, Beto Gourgel, na formação da sua personalidade musical. O cantor não estabelece fronteiras em relação às suas preferências musicais e possui um gosto musical variado, que vai desde Djavan à influência da música e da guitarra de André Mingas. Na busca de um espaço de destaque, Kizua Gourgel participou nos concursos "Trovante 95" da Rádio Nacional de Angola, em 1999, em duas edições do Festival da Canção da Luanda Antena Comercial (LAC), sagrando-se vencedor na V edição, em 2002. Em 2007 lançou o seu primeiro single, "Tetembwa". O seu próximo álbum, "Kizuísmo", a ser lançado no dia 25, terá 15 faixas de temas originais. Kizua Gourgel venceu ainda o "Top Rádio Luanda", Prémio Balada do ano, com a canção "Depois do Fim", em 2007, "Melhor Trovante - Casa Blanca" e foi uma das atracções do "Festival de Jazz de Luanda", em 2011.