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Angola

Agora o desafio é conseguir o dinheiro para pagar todo este programa de privatizações

OS PASSOS SEGUINTES DO PROPRIV

O sucesso do programa vai depender da mobilização de investimento para estas 195 empresas ou participações do Estado. Em Angola ou no estrangeiro. Não deve o Governo vender a qualquer preço sem acautelar participações em empresas estratégicas. Da lista, algumas poderão ficar sem interessados.

Apresentado o Programa de Privatizações (PROPRIV), explicadas as opções em termos políticos e económicos, levanta-se agora a grande questão - afinal onde está o dinheiro para comprar este pacote de empresas e participações do Estado angolano? Comecemos por olhar para o capital dos angolanos.

O empresário Lago de Carvalho avança com uma primeira análise: "Este é um sério problema que temos. Nem os privados nem a banca angolana, no seu todo, têm capacidade para comprar este património todo e muito menos para suprir as necessidades de capital adicional para reinvestir nas empresas e para capital de "giro". Se a opção principal for repassar aos privados com prazos de liquidação extensos ou por concessão ou aluguer, aí haverá maior possibilidade de capitais nacionais ou capitais residentes serem utilizados".

Em termos práticos não há poupança interna para fazer face a este investimento. Os empresários e as empresas nacionais têm passado por momento conturbados, nos últimos anos, e apenas bancos e banqueiros terão capacidade para avançar neste processo, acumularam dividendos, mas somente para algumas empresas que possam parecer mais atractivas ou onde já tenham participações.

Resta então a possibilidade de serem utilizadas poupanças angolanas que estão fora, muito desse volume financeiro está em offshores e pode ser utilizado sob a "capa" de capital estrangeiro, ou apostar no sucesso do programa do repatriamento de capitais, o que necessita do apoio internacional. Neste último caso, pode assistir-se a um fenómeno que pode ser questionável em termos morais, ou seja, empresas compradas com dinheiro desviado de forma ilegal dessas mesmas empresas.

O economista Galvão Branco também tem muitas dúvidas sobre a participação de capital angolano neste processo: "Vejo com alguma apreensão a escassez de capital de investidores nacionais para garantir que esses activos sejam comprados e fiquem na posse de angolanos, como seria desejado. Não creio que este desiderato venha ocorrer, a não ser que se estabeleçam regimes de acesso a capital alheio - crédito bancário - com mecanismos de pagamento alargados e regimes de hipotecas". (...)


(Leia o artigo integral na edição 538 do Expansão, de sexta-feira, dia 23 de Agosto de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)