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"O nosso foco no Festival da Canção LAC é sempre o compositor"

Entrevista a CARLA ROMERO

Carla Romero é a directora executiva da 22.ª edição do Festival da Canção LAC e participou na organização de todos ao longo dos anos. O próximo é já dia 20 de Setembro, no Clube Naval, a partir das 21 horas. Eduardo Paim é o convidado especial.

O Festival da Canção LAC faz 22 anos. Lançou ao longo dos anos inúmeros músicos que são hoje primeiras figuras como, por exemplo, Matias Damásio, Anabela Aya, Gari Sinedina, etc. Também contribuiu para o aparecimento de novos compositores?
Sim! Nos últimos tempos temos testemunhado o aparecimento de novos criadores, dando destaque aos jovens, com o recurso a textos bem elaborados e com composições cuidadas. Temos vindo a notar também uma maior preocupação com o canto, alguns têm mesmo frequentado aulas, outros pelo facto de fazerem parte de coros nas igrejas que frequentam, ou por serem de uma linhagem de músicos. Há uma busca da qualidade por parte dos mais novos que devo salientar.

Qual é a importância do festival da Canção da LAC no sector musical angolano?
Mais do que do que lazer, o festival passa também por educar e obrigar os jovens a adquirirem o gosto por criar e pesquisar, construir músicas com alma e corpo, letras bem construídas e harmonizadas. Toda este trabalho de preparação e ensaio que antecede o festival dá uma outra dimensão aos concorrentes, que depois vai reflectir-se numa futura carreira.

O Festival vai manter a sua vocação premiar a composição?
Apesar de termos feito durante quatro anos a vertente do intérprete homenageando um compositor, a resposta é sim! O nosso festival é de composição. Queremos continuar a permitir que os criadores tenham um espaço para dar a conhecer aquilo que preparam e ajudar a descobrir novas criações com elementos sonoros nossos e do mundo. O foco é o compositor!

Há quantos anos está ligada ao Festival?
Exactamente aos anos que ele tem, 22. Só não presenciei o primeiro, por estar de repouso, mas fiz parte de toda a preparação. Posso dizer que estou desde sempre ligada ao Festival.

Que momentos recorda, pela positiva e pela negativa?
São muitos, tanto pela positiva como pela negativa, e por vezes, os dois num mesmo espectáculo. Pela negativa aconteceu na terceira edição, no Cine Miramar em que tivemos um incidente com o gerador, que obrigou a agir rapidamente para não causar pânico e estragar a festa. Sempre com serenidade para acalmar os convidados que estavam próximos do que estava a acontecer, tentar que o nervosismo não contagiasse os concorrentes. Outro episódio que me marcou pela negativa foi no ano em que homenageamos a moeda nacional. No dia do espectáculo o criativo não apareceu, o cenário não estava pronto e ficou incomunicável. Claro que revertemos a situação, o show aconteceu, mas foi um susto. No ano de 2007 aconteceram os dois momentos. Três dias antes do show (pouco mais de 48 horas) recebemos uma chamada do convidado a desmarcar a sua actuação por não estar em condições emocionais. Conseguimos em horas substituir e ter outro artista para actuar. Pela positiva são muitos, e na verdade a verdadeira razão para que o Festival continue, mantendo a sua imagem de qualidade.

Que novidades prepara para esta edição?
O festival deste ano será num local diferente, uma estreia para nós, longe de casa, mas num espaço com uma vista maravilhosa, que recorda os cenários dos dois primeiros festivais, Luanda vista da Baía. Teremos os três momentos habituais (exibição dos concorrentes, rapsódia de homenagem e o convidado especial). A novidade é o figurino da rapsódia, não será coreografada, daremos mais destaque ao artista cantor numa viagem a músicas que são referência do nosso País e do nosso continente, num intercâmbio entre jovens e adultos.

Os festivais foram sendo realizados em diversos locais. Isso foi benéfico ou prejudicial para o projecto?
Do ponto de vista artístico penso que foi benéfico, pois desafiou a nossa criatividade em adaptarmo- nos ao contexto e realizá-lo em diversos espaços com o rigor e qualidade que imprimimos ao projecto. Em termos financeiros alguns revelaram-se mais onerosos do que outros por termos de movimentar mais meios e pessoal, uma logística bastante diferente de uns e outros. Só para dar um exemplo já aconteceu alugarmos a sala e fazermos obras para poder ser usada. Mas no fim o resultado compensa o esforço empreendido.

Com uma ligação de 25 anos à Luanda Antena Comercial

Carla Nizente Van-Dúnem Romero, nascida aos 15 de Abril de 1972, é filha de Sérgio Romero e de Ana Antónia de Sousa Van- -Dúnem, natural do Lubango-Huíla, mas cresceu em Luanda, última de muitos irmãos. Tem o curso de Secretariado Administrativo e Comunicação Empresarial, feito na Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto.

É funcionária da LAC desde 1994 com a categoria de assistente de direcção. Colabora na área de eventos da LAC, assessorando na realização de actividades que a LAC organiza, com destaque para O Mini Estrelas ao Palco e o Festival da Canção de Luanda do qual é directora executiva. É escuteira e membro activo da Associação de Escuteiros de Angola.