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Opinião

Três meses importantes

Editorial

Os três meses que faltam para o final deste ano são muito importantes para o País. Dois grandes desafios marcam a actividade económica - a implantação do IVA e o início das privatizações de empresas verdadeiramente importantes. A isto junta-se a abertura parcial da conta de capitais, inevitável é verdade, mas que pode ser também uma porta para entrada de práticas que não queremos ver repetidas. Também alguma expectativa ver se afinal a banca comercial vai "ajudar" o Governo na implantação do plano de diversificação, respeitando as indicações do BNA a propósito do PAC.

E, já agora, como vão lidar as diversas autoridades com uma previsível onda inflacionista a partir de Novembro. E como neste quadro complicado vai o Governo lidar com a pressão do FMI, sabendo-se que algumas das metas inscritas no acordo não serão alcançáveis nos prazos previstos.
Mas voltando aos dois primeiros desafios, aí sim, está o grande teste para todos nós. E não vale a pena dizer que não temos nada a ver com isso, que isso é coisa dos políticos e dos economistas. Se os cidadãos não estiverem suficientemente próximos e engajados neste processo, não vai resultar. Mas para isso é necessário estabelecer pontos de comunicação e não deixar transparecer a ideia que depois logo se vê. Sobre o IVA e as privatizações, e tendo em atenção o impacto que pode ter na vida de todos, o desconhecimento é ainda muito grande. Não se pode resumir o esclarecimento público a debates entre engravatados que usam adjectivos bonitos, com uma linguagem que é pouco acessível à maioria dos cidadãos, e que muitas vezes são orientados para o esgrimir de argumentos relativamente a um facto, quando o importante é mesmo explicar o facto. É isso que o cidadão precisa saber e não o que cada interveniente pensa. Mas também, em termos políticos, se vão decidir coisas importantes. Por um lado, o desafio autárquico, que terá certamente a partir de meados de Outubro debates animados a propósito da legislação que falta aprovar, por outro, o processo de substituição do líder no maior partido da oposição, com reflexos directos no estilo do debate que nos vai levar aos dois próximos pleitos eleitorais.
Em termos internacionais, perceber como o governo angolano vai capitalizar a seu favor a instabilidade social da África do Sul para assumir definitivamente a bandeira da SADC perante os restantes parceiros, e de como se vai colocar perante o esperado crescimento da onda nacionalista, em alguns momentos mesmo xenófoba, dos presidentes de dois dos seus aliados, Estados Unidos e Brasil. E se vai manter a mesma postura afirmativa e convicta na defesa do fim do embargo comercial a Cuba e da necessidade da implantação do estado palestiniano, como fez o Presidente João Lourenço, no recente discurso na Assembleia das Nações Unidas.
Aliás, diga-se que um dos ganhos maiores nestes dois últimos anos foi, exactamente, a qualidade do discurso político do País no estrangeiro, que serviu para aumentar a confiança e a credibilidade em Angola. Em termos internos, a conversa já é outra!