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Opinião

A Festa do Reino

Editorial

Hoje trago-vos mais notícias do tal reino de que falei há três semanas. Isto porque foi organizada uma enorme festa por um dos mais importantes homens da corte. Apesar do cofre do castelo estar com poucas moedas de ouro, do "novo" rei estar empenhado numa nova postura da sua população face ao aproveitamento dos recursos, de ter no seu território emissários de outros reinos atentos aos valores que os seus monarcas tinham emprestado.

Mas não foi apenas uma enorme festa. Um cenário construído todo de raiz por um técnico que veio do outro lado do Atlântico, a participação dos melhores especialistas da sua terra, a mais moderna tecnologia e uma infinidade de recursos disponibilizados para tão importante momento. Mas não se pense que a dita festa foi feita num local discreto, longe dos olhares indiscretos e espantados da população. Não! Foi feita mesmo no coração da capital, em lugar de passagem e de passeio. A exibição do poder onde ele tem mais impacto.
Confesso-vos que não tenho clara quais eram as intenções ou motivações destes tão distintos homens da corte. Parece difícil aceitar que se tenha pensado em "esfregar" na cara de uma população que morria de fome em partes do território, esta exibição de fartura e riqueza, num gesto de desperdício que pode mesmo ser considerado "amoral". Parece-me também difícil de aceitar que o objectivo tenha sido marcar com clareza a fronteira - nós somos os da corte, vocês são apenas povo. Nada de misturas. Nós fazemos isto, vocês nunca o farão.
Quero antes pensar que resultou apenas de um capricho, que foi crescendo, crescendo, e quando se percebeu a "asneira" já não era possível voltar para trás. E no dia próprio lá se deu início a tamanha comemoração, partilhada para que todos soubessem o que estava a acontecer, mas só poderiam passar por perto os convidados. Para que fosse mesmo assim, lá estavam as forças de segurança do reino a tomar conta.
O "novo" rei também foi, o que para os homens da corte foi a oportunidade de retirar de cima de si o "ónus" de tamanho exibicionismo, e "atirá-lo" para o capital de confiança que o monarca ainda tem. Quero também que acreditar que o "novo" rei se fez presente porque não tinha a verdadeira noção de tamanha festa, dos meios envolvidos e do esbanjamento injustificado de tantos recursos. Mas nada é eterno ou definitivo, e para alguns, possivelmente, esta foi a gota que fez transbordar a fé no novo rei. E espero também que o "novo" rei, depois da festa acabar, já na sua casa, tenha também tido a noção dos "estragos" que pode ter originado na sua cruzada. Disso não tenho a certeza, nem de nada do que escrevi em cima. Quando tiver mais notícias do reino, venho terminar a história...