Novo dólar distribuído a 'conta-gotas' para travar inflação
O país enfrenta seca, geração limitada de electricidade nas principais centrais hidroeléctricas, além de frequentes falhas no abastecimento de combustíveis. Ao fim de uma década, o banco central voltou a imprimir dólar local, mas limita a sua distribuição a 20 USD por semana. Não chega para pagar um saco de fertilizante.
O regresso à emissão de dólares zimbabueanos uma década após a moeda ter sido suspensa tinha como objectivo contornar a escassez de dinheiro, mas os limites à sua distribuição pelos bancos comerciais está a irritar os consumidores já que o dinheiro disponibilizado semanalmente não chega para pagar despesas básicas.
O objectivo do limite de distribuição de até 300 dólares zimbabueanos (20 USD) por semana passa por evitar uma subida da inflação que, já por si, ronda os 380%, num país que ainda enfrenta os traumas da hiperinflação de 2009 que levou à supressão da então moeda local, o dólar do Zimbabué. No entanto, esses 300 dólares locais são metade do valor que um agricultor paga por um saco de fertilizante, avança a agência Reuters.
Centenas de pessoas, sobretudo pensionistas, juntaram- -se em enormes filas junto a bancos comerciais em Harare esta terça-feira, e apenas receberam 150 dólares (10 USD) em novas notas de 2 dólares e moedas. Foram informados para regressar quarta-feira caso pretendessem mais moeda. "Consegui levantar 150 dólares, mas não dá para comprar nada. Os bancos devem fazer algo a respeito do limite, talvez aumentá-lo para 1.000 ", disse John Kamuzunga, um reformado de 72 anos.
"O único consolo é que hoje recebi o meu dinheiro, mas o problema é que não é suficiente para durar a semana inteira porque eu uso o transporte público", disse Ishe Mukoi, funcionário de uma loja em Harare, citado pela Bloomberg.
Desde que suprimiu a própria moeda em 2009, o Zimbabué utilizou sobretudo dólares norte-americanos, rands sul-africanos, outras moedas estrangeiras e ainda uma moeda electrónica denominada RTG dólar, bem como obrigações e títulos. (...)
(Leia o artigo integral na edição 550 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Novembro de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)