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Gestão

"Joias da coroa" vão ser colocadas em bolsa. Como acautelar o êxito do IPO?

EM ANÁLISE

Avançar para um IPO não pode decorrer de uma decisão tomada de ânimo leve ou como uma maneira de obter fundos para suprir uma qualquer necessidade de curto prazo. A complexidade da operação recomenda que as empresas comecem a preparar o IPO (...) um longo tempo antes do dia D. Lamentavelmente, a preparação atempada da operação, não garante o seu êxito.

Começou o "contra-relógio" para o Programa de Privatizações, também conhecido por PROPRIV. Até 2022, 195 empresas e activos terão dado início ao arranque das suas operações de privatização. Na esmagadora maioria dos casos (175), a privatização efectivar-se-á através de concurso público. Contam- -se pelos dedos das mãos as empresas que vão a IPO (9). As restantes 11, tratam-se de empresas cuja privatização passa por leilão em bolsa.

O êxito deste programa estará certamente muito refém do sucesso das primeiras operações de privatização, as quais produzirão "efeitos demonstradores" sobre o mercado, aguçando o interesse dos investidores ou desincentivando-os. De entre estas, é inegável a ressonância e o impacto que as privatizações de Sonangol, Endiama, TAAG, BCI, ENSA Seguros e Sonangalp produzirão na economia do País.

Todas estas empresas, dado o seu poderio e capacitação, serão objecto de IPO (Initial Public Offering), sendo o seu capital colocado em bolsa. Ou seja, as acções representativas do capital destas empresas serão vendidas ao público em geral na bolsa de valores angolana, pela primeira vez. A própria bolsa angolana, a BODIVA, também seguirá idêntico caminho.

Porém, esta é uma operação que tem tanto de ambiciosa como de complexa. Um IPO que se queira ganhador será, necessariamente, consumidor de tempo, exigindo esforço e planeamento intensivos, tanto antes como depois do grande dia. Ambiciosa, porque a opção pelo IPO pode redundar significativos níveis de liquidez, passíveis de financiar uma estratégia de sólido crescimento.

Complexa, porque pode implicar a mudança do paradigma negocial, organizacional e até mesmo obrigar a repensar a cultura corporativa. Complexa, também, porque qualquer empresa listada passará a estar sujeita a requisitos suplementares de reporting, transparência, compliance, escrutínio por parte de investidores e analistas e, acima de tudo, de compromisso adicional com o cumprimento das próprias promessas. (...)

*Manager EY Transaction Advisory Services