Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Gestão

Será 2020 finalmente o verão da Inteligência Artificial?

Em Análise

Hoje muitas organizações já recorrem à IA. Desde as simples regras de decisão ou o reconhecimento de texto e imagens, aos mais avançados algoritmos de scoring bancário, diagnóstico médico ou agentes virtuais de apoio aos clientes. Falta pouco tempo para que as seguradoras achem que é mais vantajoso um carro conduzir-se sozinho do que os humanos desempenharem essa tarefa.

Uma das coisas que mais gosto em Angola, em particular em Luanda, é o clima. O agradável calor ao longo de todo o ano, incluindo os cacimbos amenos. Escrevo este artigo acabado de voar de Paris, onde ontem de manhã estavam uns gelados 3 graus centígrados. Horrível!

A disciplina de computação designada de "Inteligência Artificial", ou simplesmente o acrónimo "IA",também não se tem dado nada bem com os climas frios! Se calhar poderá ser dos seus 63 anos, uma vez que a IA nasceu em 1956, e já passou por dois Invernos rigorosos. Será 2020 finalmente o Verão da Inteligência Artificial?

Mas antes de responder a esta questão, é importante responder a outra mais simples: O que é a IA e porque é que andam todos a falar do tema?

De uma forma muito simplista, a IA é uma área da engenharia computacional que estuda a possibilidade de reproduzir o raciocínio humano em software, ou seja, conseguir que um computador actue de uma forma inteligente. Quando nasceu em 1956 a sua utilização era muito orientada a temas de lógica e simples decisões.

Como exemplo, uma decisão de o que fazer segundo a cor de um semáforo - vermelho parar e verde andar - é algo que era "ensinado" aos computadores da altura. Rapidamente houve uma procura de tentar enriquecer as máquinas com grandes volumes de conhecimento relativamente a assuntos distintos, mas a capacidade computacional era muito limitada e chegámos então ao primeiro Inverno do IA no final dos anos 70, início de 80. Nos dias de hoje, os nossos telemóveis têm tanta capacidade que existem já aplicações móveis com todo o conhecimento médico de diagnóstico representado nesta forma de simples decisões.

Apesar do frio, a IA conseguiu recuperar e no início dos anos 90 voltou a haver um interesse muito grande no potencial da IA. Foi nesta altura que tirei a minha licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores, onde um dos ramos do curso era precisamente "Inteligência Artificial", com disciplinas específicas da área, tais como "visão". Apesar de ter optado por outro ramo, tive algumas cadeiras de projecto ligadas a IA, como, por exemplo, desenvolver um jogador de xadrez ou optimizar os horários de comboios para conseguir o máximo de eficiência.

Foi em 1997 que um computador denominado Deep Blue da IBM conseguiu ganhar ao maior mestre de xadrez da época, Gary Kasparov. Mas, mais uma vez, apesar de grandes expectativas, a IA acabou por se cingir principalmente ao mundo da investigação e académico, não tendo conseguido vingar de uma forma massificada nas organizações. Durante este segundo Inverno alguns sectores de nicho conseguiram vingar, como, por exemplo, a optimização de horários referida anteriormente, bem como áreas específicas da IA, tal como a capacidade de um computador "ler" um documento não estruturado e recolher informação (o que na indústria chamamos de OCR - Optical character recognition). (...)

*Partner da KPMG


(Leia o artigo integral na edição 556 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Janeiro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)