Kwanza cai 8,3% face ao USD desde o início da "guerra dos preços"
Com o aumento da produção do petróleo saudita e russo, o excesso de oferta fez cair preços, traduzindo-se imediatamente na redução de receitas do Estado em moeda estrangeira. Há um risco agravado do Kwanza continuar a depreciar com a guerra dos preços e com a Covid-19, admitem analistas. Isto, apesar da previsível diminuição da actividade económica no País.
A moeda nacional depreciou 8,3% face ao dólar, entre 7 e 25 de Março, pressionada pela crise do sector petrolífero que viu a Arábia Saudita e a Rússia, que aumentaram a produção, e pela pandemia do coronavírus que resfriou a procura a nível mundial.
Se na primeira semana de Março, precisamente no dia 7 (dia em que as relações Arábia Saudita-Rússia "azedaram"), o custo do dólar rondava os 491,889 Kz, no mercado oficial. Passados 18 dias, a moeda norte-americana custava esta quarta-feira mais 44,8 Kz, passando o dólar a valer 536,68 Kz.
Face ao euro, o Kwanza depreciou 4,3%, considerando que a 7 de Março comprar um euro custava 556,128 Kz, e esta quarta-feira, a moeda da União Europeia passou a valer 581,438 Kz.
Por outro lado, o dólar tem vindo a subir lá fora, e esta semana ganhou força com o anúncio "do maior pacote de ajuda na história" nos EUA, que passa por um plano de apoio à economia de dois biliões de dólares, que inclui pagamentos directos até 3.000 USD às famílias e um reforço de 100 mil milhões para os hospitais.
Um valor próximo dos 10% do PIB norte-americano, que será injectado na economia, como forma de reforçar o sistema de saúde, garantir o financiamento das empresas em dificuldades e assegurar que as famílias têm dinheiro para evitar uma quebra abrupta no consumo. Wall Street fechou a sessão desta terça-feira com uma subida diária como não se via desde 1933, graças ao optimismo dos investidores quanto à aprovação pelo Congresso norte-americano deste plano de estímulo económico.
Para o economista Jaime Fortunato, a depreciação da moeda nacional já era esperada, considerado a crise entre os dois gigantes do sector petrolífero. "Esta guerra tem consequências bastante significativas no volume de fluxos cambiais futuros na nossa economia, ou seja, representa declínios acentuados nas nossas receitas de exportações onde o petróleo é a principal geradora de receita", defendeu o economista. (...)
(Leia o artigo integral na edição 567 do Expansão, de sexta-feira, dia 27 de Março de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)