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Taxas de juro altas adiam emissão de eurobonds de 3 mil milhões USD

GOVERNO À ESPERA DE MELHORES CONDIÇÕES

A incerteza nos mercados por via da crise dos preços do petróleo e do novo coronavirus fez disparar as yields angolanas, ou seja, a taxa de juro a que os investidores estariam dispostos a financiar o Estado. Nesta fase seria um péssimo negócio para o País, admitem analistas.

A emissão de três mil milhões USD em eurobonds aprovada há duas semanas pelo Presidente da República já estava programada e o Executivo não vai, para já, avançar com a colocação de dívida nos mercados financeiros internacionais, uma vez que a crise nos preços do petróleo agravou a incerteza nos mercados fazendo disparar as taxas de juro, apurou o Expansão.

Se essa emissão ocorresse nesta altura, por este financiamento de três mil milhões USD o Estado teria que pagar juros superiores a 20%, mais do dobro do que aquilo que paga pelas ultimas emissões de títulos de dívida soberana em moeda estrangeira, com maturidades a 10 e a 30 anos.

A incerteza nos mercados por via da crise dos preços do petróleo e do novo coronavírus fez disparar as yields angolanas, ou seja, a taxa de juro a que os investidores estariam dispostos a financiar o Estado.

As taxas de juro de rendimento são uma espécie de "desconfiómetro" dos mercados: quanto mais altas, mais os mercados desconfiam da capacidade do país em reembolsar os valores. Olhando para as yields actuais, na prática, os investidores internacionais consideraram mais arriscado investir na nova emissão de dívida pública em moeda estrangeira, do que na última vez que o Governo recorreu ao mesmo modelo de financiamento, no final do ano passado.

"Este era um procedimento que estava em curso no quadro do Orçamento Geral do Estado. Obviamente ninguém vai aos mercados nestas altura", revelou ao Expansão uma fonte do Governo.

Um analista de uma das maiores consultoras internacionais admitiu ao Expansão ter ficado "surpreso" com o anúncio da autorização para a ida aos mercados internacionais, admitindo que se trata apenas de uma "autorização para o futuro", quando as condições o justificarem. Até porque "mesmo que Angola quisesse, o mercado está fechado" já que mesmo que houvesse agora "apetite" por parte dos investidores internacionais, tratar-se-ia de uma venda difícil tendo em conta a conjuntura que resulta da crise do petróleo e da pandemia do novo coronavírus. "Olhando para as yields seria, certamente, um mau negócio para o país", refere este analista sénior. (...)


(Leia o artigo integral na edição 567 do Expansão, de sexta-feira, dia 27 de Março de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)