Sempre que há uma crise ou alguma novidade no mundo das organizações, aparecem sempre vários gestores com expressões sensacionalistas e inspiradoras, que tentam marcar a diferença. Com o novo coronavírus, obviamente não está a ser diferente. Nomeadamente com o trabalho remoto total ou parcial.

Ainda bem recentemente, a moda era "vamos contratar por competências e não pela experiência", ou "é importante a experiência multicultural". Quando, na verdade, o que assistimos é ao mesmo de sempre, ou seja, contratação pela experiência na indústria e no sector de actividade. São muito poucos aqueles que contratam com base em competências adquiridas.

Depois apareceram inúmeros especialistas no "novo normal" e em espaços de trabalho do futuro. Ou seja, de repente, indivíduos que nunca tinham pensado sequer em gestão de pessoas ou que não têm qualquer competência ou experiência, começaram a dar palestras, fazer programas e podcasts sobre estes temas. Pior ainda é que há pessoas a ver. No fundo, faz lembrar os influencers que, de repente, são nutricionistas. Também aqui, o pior é que há pessoas a seguir essas mesmas recomendações.

Ou seja, é uma frase com muitos anos que o principal activo das organizações são as pessoas. E são mesmo. E vão continuar a ser. Mas importa que os curiosos deixem de falar com tanta propriedade sobre o tema de gestão de pessoas. É a mesma coisa que, de repente, colocarmos uma pessoa do marketing a fazer o controlo financeiro de uma organização. Não tem competências para tal, e a asneira é certa. Mas agora o que é moda é dizer que não importa de onde se trabalha, nem o número de horas e que a flexibilidade é total, desde que o trabalho seja apresentado.

*Expert in Human Resources & Entrepreneur, Certified Coach PLD19, Harvard Business School Alumni

(Leia o artigo integral na edição 588 do Expansão, de sexta-feira, dia 21 de Agosto de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)