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Opinião

A guerra híbrida e as ambições políticas para 2022

Ideias e Visões

Às vésperas do penúltimo ano do mandato de João Lourenço, ouvem-se triunfalismos sobre a possível derrota do MPLA e de João Lourenço, em 2022.

Essas correntes fundam-se aos casos de corrupção de altos dirigentes do MPLA, à crise económica e social, ao desemprego que se agrava e afunda a vida dos cidadãos.

As tentativas de levar o barco a bom porto agradam e desagradam. João Lourenço recebe cognomes: Exonerador Implacável, Vingador, Anti-Corruptor Selectivo, Abafador, etc., etc.... E há um formato de debate matreiro nos media, uma espécie de guerra híbrida, às vezes, letal e banal - com dilemas, desabafos e deselegância. Uma espécie de luta de classes, em escala de interesses, com facetas e interacções complexas.

Tais argumentos parecem não estar à altura do que representa, neste momento, o Presidente João Lourenço. Desafiado pela corrupção, por alguns membros do seu partido - e do aproveitamento de outros -, João Lourenço é, sem dúvida, o actor político épico, o maior activo do momento, não só do MPLA. Corajoso e frontal, assume a ética, a honestidade e a denúncia. É o inverso do que vimos, até aqui, nos últimos anos, e o grande obstáculo da oposição em 2022.

Consciente da empreitada, a oposição política, atrelada à desafeição da elite tocada pela luta contra a corrupção, usa um discurso contumaz. Juntam-se a aliados, falam de censura, como se a liberdade de imprensa dependesse, exclusivamente, do privado, antecipam a fraude, e cogitam uma coligação para enfrentar Golias.

A cena de partida da trajectória a construir para esse compromisso começa, também, dilacerada por Adalberto da Costa Júnior: "O desafio coloca-se na construção dessa ampla frente democrática, que não se esgota na aliança dos partidos. Ela deve ter em conta o envolvimento da sociedade civil", alerta o líder da UNITA.

Pois é, os desafios são imensos para todos. A gestão ética para a convivência, nos marcos da harmonia entre os partidos políticos, exige cedências. Formar coligações, com ambições dissonantes, é construir um arsenal bélico explosivo.

Na política angolana, a unicidade dos partidos - baseada no consenso - é uma miragem, sempre resultou em fracturas. Mas, outros factores relevantes se colocam, sobre os quais dificilmente se poderão construir alianças. Basta olhar para a estirpe de políticos que temos. Qualquer que seja a aliança é motivo de desconfiança e insegurança. E fica-se com a percepção de que teremos de começar tudo de novo a partir da "base" repetindo erros e experiências dolorosas.

(Leia o artigo integral na edição 598 do Expansão, de sexta-feira, dia 30 de Outubro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)