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Gestão

O impacto das organizações

Em análise

Ao longo dos anos muito se tem falado no propósito das organizações, em particular no caso do sector empresarial privado. Se até há poucos anos, os manuais de gestão afirmavam que o objectivo das empresas se resumia a "criar valor para o accionista", o consenso actual é de que o propósito das empresas vai para além deste, tendo sido estendido a parceiros de negócios, clientes e colaboradores.

No início do século, as organizações e respectivos PCEs (Presidente da Comissão Executiva) perceberam que é preciso haver equilíbrio no valor criado para os principais intervenientes, sejam eles parceiros de negócio, os clientes finais, os colaboradores e claro, os accionistas.

Cada um destes actores é vital para a saúde das empresas. A relação com um parceiro ou fornecedor não é saudável se for alvo de uma negociação demasiado agressiva, correndo o risco de este ficar debilitado e não conseguir continuar a entregar com qualidade. Para os clientes finais é vital a satisfação com o produto ou serviço que lhes é entregue. Só assim se poderão tornar clientes fidelizados e serem promotores da empresa, recomendando-a à família e amigos.

No caso dos colaboradores queremos que desempenhem as suas funções com gosto, proporcionar-lhes oportunidades de carreira e que se sintam motivados nas funções que desempenham. Por fim, os accionistas esperam o retorno do investimento que fizeram no capital das empresas, preocupando-se com a sustentabilidade desses retornos evitando o "lucro fácil".

De modo a que estes indicadores não sejam meramente empíricos, é necessário medi-los. Para indicadores financeiros como o lucro das empresas ou os salários dos colaboradores, há muito que as organizações, e em particular os respectivos departamentos financeiros, possuem os instrumentos, tecnologia e metodologias para realizar os cálculos com precisão e de forma auditável. Já a satisfação dos colaboradores ou dos clientes com os produtos ou serviços da empresa são aferidos de uma forma mais subjectiva, habitualmente através de inquéritos e comparativos (benchmark) com as melhores práticas e referências do mercado. O impacto das organizações é, assim, um mix destes vários indicadores, com uma maior ou menor ponderação que devem ser uma causa e consequência da sua estratégia.

Nos últimos anos as organizações têm vindo a alargar o seu propósito, que vai muito além
dos actores referidos. Em 2015 as Nações Unidas e os líderes mundiais definiram 17 grandes Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que podem ser consultados no site da ONU: http://onuangola.org/nosso-trabalho/graduacao-objectivos-de-desenvolvimento-sustentavel/ Muitas organizações estão já a alinhar o seu propósito também com estes objectivos. O seu impacto deixa de ser apenas calculado com indicadores financeiros e de satisfação, mas também de sustentabilidade social, impacto nas alterações climáticas, entre outras. Aferir estes valores não é um processo simples e directo, sendo muitas vezes necessário assumir diversos pressupostos e analisar tendências ao longo de meses, anos ou décadas.

*Partner da KPMG

(Leia o artigo integral na edição 600 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Novembro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)