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África

Presidente da UA diz que África tem poucas opções de acesso à vacina Covid-19

África do Sul tem recorde de infecções e Zimbabué entra em confinamento

O presidente da África do Sul, que preside à União Africana (UA), assegurou que a Pfizer e a BioNTech estão disponíveis para fornecer 50 milhões de vacinas Covid-19 ao continente africano, entre Março e o final deste ano, destinada a profissionais de saúde.

Em declarações à Bloomberg, Cyril Ramaphosa afirmou que deu indicações à UA para negociar com o Serum Institute da India, que está a produzir a vacina, em nome da AstraZeneca, dado que a Moderna Inc. não tem suprimentos para África e a AstraZeneca não ai ter vacinas disponíveis para o continente ao longo e 2021.

O que pode parecer um contra senso com a informação disponibilizada nas últimas horas, que dá conta que o governo da Índia vetou a exportação de doses da vacina anti-covid criada pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, segundo informou o presidente do Instituto Serum da Índia, Adar Poonawalla.

A reacção de Ramaphosa surge na sequência de dias de críticas na África do Sul sobre a estratégia de vacinação do país por parte de representantes do sector da saúde, sindicatos e partidos da oposição.

Recorde-se que a África do Sul comprou vacinas suficientes para 10% de uma população de 60 milhões de pessoas, através da iniciativa Covax, que visa garantir o acesso dos países mais pobre às vacinas, prevendo-se que as mesmas comecem a chegar no segundo trimestre.

De acordo com a Bloomberg, alguns países africanos têm planos de aquisição de vacinas próprios, mas a maioria não.

"Estamos a trabalhar muito na África do Sul e no continente para proteger o nosso povo contra a Covid-19", disse a presidência da UA.

A África do Sul está a registar um número recorde de infecções e mortes, e o vizinho Zimbábue está a entrar num período de confinamento por 30 dias.

Em comunicado enviado à agência financeira, um representante da AstraZeneca disse que a empresa "criou uma série de cadeias de abastecimento em todo o mundo para conseguir um fornecimento amplo e equitativo da vacina", no qual menciona a iniciativa Covax e o Serum Institute da India como os principais canais pelos quais os países africanos podem ter acesso às vacinas.

Outro dos problemas para a UA é o custo das vacinas da Pfizer, que a presidência considera "proibitivo". Um representante da Pfizer terá confirmado negociações com a UA, e que a farmacêutica permanecia "firmemente comprometida com o acesso equitativo às vacinas Covid-19", referindo que a empresa alocou "doses para fornecimento a países de baixa e média-baixa renda a um preço sem fins lucrativos", afirmou a farmacêutica.

Cyril Ramaphosa informou ainda no último fim-de-semana que decorrem também conversações com a Johnson & Johnson, que está a testar uma vacina na África do Sul, que depois de aprovada poderá produzir 300 milhões de doses por ano, na fábrica sul-africana da Aspen Pharmacare Holdings. O presidente não esclareceu no entanto se o continente africano beneficiará destas vacinas. "Ainda temos que negociar o preço, para ser acessível para a África", disse à Bloomberg.

O acesso dos países africanos à vacina da AstraZeneca começa a levantar muitas dúvidas. O professor de vacinologia e chefe do braço sul-africano do estudo AstraZeneca, Shabir Madhi, afirmou que as nações africanas estariam em melhor posição se fossem "tão estratégicos" quanto as nações mais ricas e iniciassem conversações directamente com os produtores e em paralelo com os esforços iniciais para garantir o acesso à Covax, que apesar de reconhecer a nobreza da missão admite que "nunca foi capaz de quebrar o legado do atraso que leva antes que as vacinas salva-vidas se tornem disponíveis para os países de baixa e média renda", disse Madhi.