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Opinião

Não gosta de inflação? É porque ainda não experimentou a deflação

Opinião

Enquanto Angola luta para baixar a inflação dos actuais 40%, a Europa e o Japão esfregam as mãos de contentes com a subida da dita cuja para níveis próximos dos 2%. Coisas da economia. Parece contraditório, mas não é.

Mais do que desejarem inflação, europeus e japoneses querem ver-se livres da deflação. Vou tentar explicar porquê. O custo de vida vai baixar. Esta é provavelmente uma das notícias que os consumidores mais gostariam de ler nos jornais, ouvir na rádio ou ver na televisão. Se a baixa do custo de vida seria bem-vinda pelos consumidores, atrevo-me a dizê-lo, de todo o Mundo, ainda mais seria em Angola, com a nossa Luanda a ocupar durante vários anos um dos lugares cimeiros do odioso pódio das cidades mais caras do Planeta.

Se é dos consideram uma baixa generalizada do custo de vida uma boa notícia, lamento desiludi-lo, mas está enganado. Ao contrário do que à primeira vista pode parecer a descida generalizada dos preços dos comes e bebes, do sabonete, do sheltox, da gasolina, dos livros e outros bens que compõem o cabaz de compras das famílias não é uma boa notícia. A deflação pode, no curto prazo, fazer bem ao bolso de cada um, mas está longe de ser positiva para o conjunto da economia a longo prazo.

Em economês, o fenómeno da descida generalizada dos pre- ços designa-se por deflação e era até recentemente um dos principais receios das autoridades económicas da Zona Euro e do Japão.

O problema da deflação, isto é da queda generalizada dos preços, é que as famílias adiam decisões de consumo na esperança de que os preços baixem ainda mais. E quando as famí- lias deixam de consumir, as empresas acabam por investir menos ou até reduzir a sua actividade lançando no desemprego uma parte dos trabalhadores.

Mais desemprego significa menos consumo e menos investimento que por sua vez geram mais desemprego... Cria-se assim uma espécie de círculo vicioso que pode terminar numa depressão semelhante à que a América viveu nos anos 20/30.

Ou seja, a deflação é tão ou mais perigosa que a inflação. A diferença é que a inflação nós já conhecemos e por isso melhor ou pior sabemos com o que podemos contar. Da deflação, a maioria de nós apenas ouviu falar.