Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Logo WeekendWeekend

"Tornei-me recentemente empresário no ramo da música"

KIZUA GOURGEL

O autor de "Depois do Fim" diz que vive da música, mas que tem de trabalhar muito. Em entrevista ao Expansão, Kizua Gourgel defende que na música há muitas áreas por desenvolver e explorar e que a arte gera boas receitas.

Quando percebeu que queria fazer carreira na música?

Percebi por volta dos 13 anos quando comecei a tocar guitarra. Nesse momento, senti que a música era algo que iria definir- -me para toda a vida.

Para quando a próxima obra discográfica?

E qual será o título? Muito brevemente vou divulgar novos temas, mas só pretendo lançar um novo disco em 2018, com o título "Rotineiro incansável".

Tem receio que com os downloads os músicos sejam menos valorizados?

Não! A tecnologia acaba por nos beneficiar. Há, naturalmente, uma resistência à tecnologia mas é algo inevitável.

É importante para si cantar em língua nacional?

É muito importante, embora não domine nenhuma língua nacional. Gostava muito de poder compor na minha língua de origem, pois, com o objectivo de internacionalizar a minha música, seria um factor importante para mim. Mas sempre que posso canto temas em língua nacional.

Quais são as suas referências musicais?

Tenho como referência toda a música que me envolveu nos lugares onde vivi. De Angola, Filipe Mukenga, André e Rui Mingas, Teta Lando, Waldemar Bastos, Beto Gourgel, Ngola Ritmos, etc. De Portugal, Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, GNR, Xutos e Pontapés, Luis Represas, Resistência e outros. Do resto do mundo, Elton John, Queen, Dire Straits, Guns n" Roses, Djavan, Gilberto Gil, Caetano Veloso, etc. Claro que vários outros artistas vão exercendo influência em mim, visto o factor pesquisa ser constante.

Como define actualmente a música angolana?

A música angolana está num estado bom de evolução. Vários estilos vão surgindo e vários novos artistas surgem todos os dias. O nível musical está a aumentar significativamente, embora haja coisas fúteis ainda. O mais importante é que vão aparecendo também bons instrumentistas, coisa que nos faltava e ainda falta. Precisamos é de progredir no que concerne às letras e aos temas.

Para que público gostaria de cantar? E com quem gostaria um dia de cantar?

Canto e gosto de cantar seja para quem for que queira ouvir. Não faço escolhas neste aspecto. Claro que prefiro sempre que o público perceba a minha música. Gostaria de poder cantar com André Mingas. Já cantei com o Rui Mingas e Mukenga, para minha honra. Queria muito poder cantar com Elias Dias Kimuezo, com Djavan, Gilberto Gil e Caetano.

Viveria confortável financeiramente se dependesse apenas da música?

Por acaso vivo confortavelmente e só da música. Quer como cantor, quer como instrumentista, produtor e empresário do ramo da música. Mas tenho de trabalhar muito.

Para além da música, tem outras actividades? Se sim, quais?

Tornei-me recentemente empresário no ramo da música, onde com o meu sócio fazemos investimentos variados nesta área.

Que análise faz da situação económica e financeira do país?

As crises acontecem! Esta será, de alguma forma, benéfica para nós angolanos pois vai nos preparar para futuras crises e ajudar-nos a lidar melhor com as questões financeiras. Acredito que, de alguma forma, fomos negligentes com a fartura que tivemos...

Pode a música ajudar à diversificação da economia?

Claro! A crise obriga-nos a reinventarmo-nos. Na música há muitas áreas por desenvolver e explorar. E a música gera boas receitas. É preciso saber explorar o que a música dá.

Acha que os prémios servem de motivação para a carreira do artista?

Sim, servem, sempre. O reconhecimento é sempre motivacional. Embora este não seja o meu caso. Os prémios para mim são só prémios. As minhas motivações são outras, mas reconheço a importância deles.