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Grande Entrevista

"Nova lei geral do trabalho é desafiante, traz obrigações ao trabalhador"

Grande Entrevista

Em entrevista ao Expansão a advogada diz que a valorização do capital humano é o caminho para o desenvolvimento económico. A também activista social defende que a nova legislação laboral corta com o passado e responsabiliza também os trabalhadores.

O que a motiva, todos os anos, a estar presente no World Economic Forum Africa (WEF)?

Não fui representar Angola, mas os angolanos. Entenda-se que não fui mandatada pelo Estado. Participo sempre no Fórum Económico Mundial África (WEF), representando o capital humano angolano. Sou uma profissional com metas. O nosso objectivo anual é participar no World Economic Forum, que é uma network (plataforma) onde são convidados políticos, académicos, intelectuais e homens de negócios. Sou membro do WEF África.

O que levou para este fórum?

Atendendo a que este era o quinto fórum, fui um pouco mais madura. Aprendi ao longo da minha presença no WEF África que devia levar propostas para estabelecer parcerias com a minha empresa. E assim levei o marketing sobre o capital humano.

Conseguiu algo de concreto?

Assinámos um protocolo de cooperação com a Microsoft, que tem um departamento de desenvolvimento de capacidades tecnológicas para África relacionado com a Microsoft África. Vai-nos ajudar, enviando técnicos para nós podermos capacitar os membros do nosso clube visionário.

Olhando para a nossa realidade tecnológica, que avaliação faz?

A avaliação que faço é que se está a fazer algum trabalho, mas do ponto de vista privado podíamos fazer muito mais. Desafio as empresas a abraçarem esta causa no âmbito da responsabilidade social. Podíamos estar melhor, mas é preciso compreender que é um processo de envolvimento e de inclusão geral. Não pode ser só o Estado. Tem de haver maior sensibilização e há vários instrumentos que estão a ser lançados para motivar a juventude.

Acha que o Estado poderia intervir mais?

Não tenho dúvidas que é preciso fazer muito mais. Quando penso no manifesto de campanha do MPLA, em "melhorar o que está bem", penso nas tecnologias de informação. Percebi que só daremos o salto em todas as matérias, muitas delas ligadas à economia, formando melhor o capital humano angolano.

Como melhorar estes indicadores num país em crise?

É na crise que se consegue provar o nosso valor. Somos um País onde se investe na educa- ção de forma massiva. Os desafios são muito grandes, competitivos. Só se alcança crescimento inclusivo com educação. Só consigo incluir mais mulheres e mais jovens na economia capacitando-os. A crise não pode ser só sob o ponto de vista financeiro, tem que ser avaliada no ponto de vista também social. Nós temos crise há muito tempo, no problema da selecção e recrutamento de quadros. Se olharmos para muitas empresas, ainda se dá preferência a quadros estrangeiros. Vamos analisar os motivos e depois de analisar e recrutar o quadro, formar. Muitas empresas têm dificuldades em adjudicar um custo anual. Não podemos pensar só no empregador Estado, que garante o desenvolvimento socio-económico do País. É claramente o empresariado privado que pode ajudar a criar vários empregos. O Estado tem que criar condições para o empresariado privado formar os quadros no mercado de trabalho. Isso tem custos. Alguém tem que monitorizar, dar formação a novos empregados. Um empregador que não tem lucro ainda vai gastar dinheiro a formar, a promover o primeiro emprego? Depois disto, nós temos a avaliação de desempenho e esse é um desafio muito grande, porque a percepção do empregador é diferente da do trabalhador.

(Leia o artigo na integra na edição 419 do Expansão, de sexta-feira 28 de Abril de 2017, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)