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Opinião

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"Economia é o estudo de como os homens e a sociedade decidem sobre a alocação de recursos produtivos escassos, que podem ter aplicações alternativas, para produzir vários bens ao longo do tempo e distribuí-los para consumo, agora e no futuro, pelas pessoas e grupos da sociedade".
Esta é provavelmente a melhor definição de ciência económica. Pelo menos é a que mais gosto. Pertence a Paul Samuelson (1915-2009), professor de economia na célebre MIT, acrónimo em inglês de Instituto de Tecnologia de Massachusetts, prémio Nobel da Economia em 1970 e autor do livro "Economia", manual que ensinou os fundamentos da Ciência Económica à maioria dos estudantes de economia da segunda metade do século XX, entre os quais me incluo.
Trago a definição de Economia de Samuelson à colação a propósito do discurso de João Lourenço, esta segunda feira, 16 de Outubro, na abertura do ano legislativo, sobre o Estado da Nação.
A escassez de recursos implica que têm de se fazer escolhas, estabelecer prioridades sobre o que produzir, quanto produzir, como produzir e para quem produzir.

A ciência económica apresenta três soluções para resolver o problema económico enunciado por Samuelson: Autoridade, Tradição e Mercado.
Autoridade significa que alguém, um Estado, um partido, um ditador ou simplesmente um iluminado decide o que produzir, quanto produzir, como produzir e para quem produzir.
A Tradição, como a própria palavra aponta, indica as escolhas que devem ser feitas com base em conhecimentos que passam de geração em geração.
No Mercado, a alocação óptima dos recursos é garantida pela livre iniciativa dos diferentes agentes económicos que interagem movidos por incentivos que são dados pelos preços.
Todos os países usam uma combinação das três soluções para resolverem os seus problemas económicos. A diferença está na intensidade com que se utiliza cada uma das soluções.
Olhando para a realidade mundial, conclui-se que os países mais desenvolvidos são os que utilizam intensivamente o Mercado como forma de resolver os seus problemas.
Já em Angola tem predominado a Autoridade e a Tradição.
O resultado são decisões económicas baseadas em interesses particulares sem ter em conta que os recursos não só são escassos como não nos pertencem, foram-nos emprestados pelos nossos filhos e netos.
Se bem percebi, a principal mensagem de João Lourenço foi que a partir de agora teremos mais Mercado, menos Autoridade e menos Tradição na solução do problema económico angolano.
Ainda bem. Agora falta o mais difícil: fazer.