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Opinião

Massano não é o Messi nem o Ronaldo dos USD, mas...

Opinião

José de Lima Massano, ex-presidente da comissão executiva (PCE) do Banco Angolano de Investimentos (BAI) é, desde a última sexta-feira, governador do Banco Nacional de Angola (BNA), repetindo o caminho percorrido em 2010.

Quando, em Outubro de 2010, Massano passou de PCE do BAI a Governador do BNA critiquei a mudança na TV Zimbo comentando que estávamos em presença do "ladrão" que vira "polícia". Quando, em Setembro de 2015, cerca de nove meses depois de "ter pedido" para sair do BNA, cumprido o período legal de "nojo" de seis meses, Massano regressou ao BAI escrevi um "Economia 100 Makas" que (in)titulei "Assim não, Dr. Massano".

O facto de avaliar criticamente o "vai-e-vem" de Massano não me impede de, sem desprimor para os outros 15 que ocuparam o lugar, considerá-lo o "melhor" se não mesmo o "único" governador que passou pelo BNA face à dinâmica que introduziu no banco central. Refiro-me, sobretudo, à vertente da política monetária, com a adopção de um novo quadro operacional mais moderno que permitiu reforçar o papel da autoridade monetária como garante da estabilidade de preços e reduzir, pela primeira vez na história de Angola, a taxa de inflação para um dígito. A aposta na educação financeira e na prestação de informação ao público, a imposição gradual das melhores práticas de boa governação nos bancos e a introdução de uma nova família de notas e moedas, são exemplos de outras conquistas de Massano e da sua equipa que mais do que compensaram alguns percalços como a intervenção (tardia?) no Banco Espírito Santo Angola ou os soluços na aplicação da nova lei cambial para o sector petrolífero.

Massano volta ao BNA numa altura muito difícil. A credibilização do sistema bancário angolano a nível internacional, repito credibilização e não "recredibilização" como dizem alguns porque não se pode "recredibilizar uma coisa que nunca foi credível, e a sua recapitalização face aos elevados níveis de crédito malparado são provavelmente os maiores desafios. Ao contrário do que pensa o grande público, mais preocupado com a falta de dólares.

Sugiro que não alimentem grandes expectativas. Os dólares só voltarão se o petróleo subir ou se aumentarmos enormemente as exportações de outros produtos. A única coisa que Massano e a sua equipa podem fazer é reduzir o desequilíbrio entre o mercado oficial e informal e distribuir melhor e com maior transparência os poucos dólares que existem. E isso, desde que o Governo não se meta. Massano não é o Messi ou o Ronaldo dos banqueiros centrais. E ainda que fosse, no actual contexto de petrodependência, não conseguiria o milagre