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Opinião

[Eu bem disse que era] a pessoa certa, no lugar errado

Opinião

O Presidente da República, João Lourenço, exonerou esta semana Isabel dos Santos de presidente do conselho de administração da Sonangol. Sem comentários, reproduzo o editorial que escrevi quando a Rainha ascendeu ao trono da "galinha de ovos de ouro".
"Isabel dos Santos, empresária de profissão, engenheira de formação, é desde o dia 6 de Junho de 2016 presidente do conselho de administração (PCA) da Sonangol EP, por nomeação do seu pai José Eduardo dos Santos, Presidente da República de Angola.
A escolha da nova gestora pública tem sido objecto de enorme contestação de que, arrisco dizer, não há memória em nomeações no País. A indicação do seu irmão José Filomeno dos Santos "Zenu" para presidente do Fundo Soberano de Angola, pelo PR e pai de ambos, também despertou enorme polémica, mas sem a amplitude que as redes sociais estão a dar a Isabel dos Santos.
Razões legais, éticas e morais, as quais subscrevo, estão na origem da contestação.
(...) Ainda que não seja ilegal, a nomeação de Isabel dos Santos é ética e moralmente discutível. Sendo empresária privada não devia gerir negócios públicos. Enquanto PCA da maior empresa angolana (...) vai ter acesso a informações privilegiadas, incluindo sobre os seus concorrentes. Nesta senda, pergunto porque renunciou a cargos de gestão em empresas privadas portuguesas e ainda não o fez em Angola.
Embora admitindo, ou pelo menos não ignorando, alguma validade na argumentação legal ou ética e moral, os defensores da nomeação de Isabel dos Santos evocam os tempos difíceis que a Sonangol atravessa e a necessidade de ter alguém com "provas dadas" para os resolver.
Mas de que empresas é accionista/gestora Isabel dos Santos? Como se tornou accionista/gestora dessas empresas? Quanto investiu, em que sectores e países? Como financiou esses investimentos? Quantos empregos criou e mantêm? Que lucros obteve? Que impostos pagou?
Na falta de informação da parte de Isabel dos Santos, socorro-me da informação pública que sugere que grande parte da sua fortuna, pelo menos em Angola, foi feita em negócios com o Estado e/ou empresas públicas e em sectores protegidos ou com pouca concorrência. Estou-me a lembrar da Unitel, da Nova Cimangola e dos diamantes. BIC e Candando serão, ou não, as excepções que confirmam a regra.
Resumindo para concluir: Ainda que Isabel dos Santos tenha as competências ideais para resolver os problemas da Sonangol, eu diria que seria a pessoa certa no lugar errado."