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"A crise criou mais dificuldades aos que não beneficiam de paternalismos"

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Na semana em que comemora os 25 anos do Jazz Lac, o crítico e programador Jerónimo Belo mede o pulso ao jazz angolano, fala dos constrangimentos de que quem faz e vive da cultura em Angola e lamenta que a crise tenha atirado muitos programadores, que não beneficiam de "certos paternalismos chorudos", para um beco sem saída.

Este ano, comemora 25 anos do Jazz Lac. O que é que o programa lhe tem trazido?
Quando olho para estes 25, é difícil escapar à emoção. Emoção que se mistura com alegria, pela contribuição para a construção de um espaço que se propõe lutar contra a música falsamente popular, que aliena o gosto e distorce o sentido crítico, procurando abrir pistas e novas formas de entender a complexidade de um mundo que nos rodeia.


Como é que um bibliotecário/ documentalista se torna amante e divulgador de jazz?
O som chegou primeiro. Esse fascínio por uma música deliciosamente imperfeita, a rouquidão dramática do Armstrong, o dramatismo dos blues. A problemática surgiu na adolescência, naquele momento em que se aproximam as primeiras blue jeans. Depois os poemas, que circulavam clandestinamente no Liceu, de Agostinho Neto e Viriato da Cruz. A biblioteconomia e as técnicas documentais chegariam mais tarde. Permitiram ir cumprindo obrigações profissionais, mas ajudaram a compreender a dimensão dessa tragédia afro-americana, que originou o jazz. Uma música feita de feridas por cicatrizar.


O jazz não é um género de massas. Como vê a sua evolução em Angola?
O jazz é uma música de Artistas, de músicos, com uma especial sensibilidade e um enorme virtuosismo. Quando se tornar uma "música de massas" vai ter de mudar de nome. A sua evolução em Angola é, apesar de sinais animadores, imprevisível.


(Leia o artigo na integra na edição 449 do Expansão, de sexta-feira 24 de Novembro de 2017, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)