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Opinião

Ventos do comércio livre sopram em África

Editorial

Enquanto as principais potências mundiais afiam as facas do proteccionismo, na sequência da intenção de Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos da América, de taxar as importações de aço e alumínio, em África sopram ventos favoráveis ao comércio livre.
Os ministros do Comércio da União Africana, entre os quais o angolano Joffre Van-Duném, estão reunidos em Kigali, Ruanda, para ultimar o acordo constitutivo da Zona de Comércio Livre Africana que deverá ser assinado pelos Chefes de Estado e de Governo na Cimeira Extraordinária da organização, prevista para o próximo dia 21, também na capital ruandesa.
O comércio de bens e serviços com outros países proporciona aos consumidores domésticos uma maior variedade de bens e serviços, com melhor qualidade e a um preço mais baixo.
A eficiência económica também melhora, já que a concorrência obriga as empresas a produzir a custo mais baixo, reduzindo o desperdício de recursos escassos.
Contudo, da mesma forma que não há almoços grátis, o comércio livre também tem custos.
Com a redução ou eliminação das barreiras ao comércio, os investimentos tendem a ser canalizados para as regiões mais desenvolvidas, potenciando o agravamento das assimetrias regionais.
As experiências de integração revelam que os benefícios do comércio livre superam largamente os custos.
Infelizmente, África não tem tirado partido dos benefícios do comércio livre. Os países africanos fazem pouco comércio internacional e o pouco que fazem é, sobretudo, com terceiros países e não entre si.
Nos anos 60, África pesava à volta de 6% no comércio mundial de bens, mais de quatro vezes o peso da China que se quedava pelos 1,3%. Em 2014, o share africano tinha regredido para pouco menos de 3%, mais de quatro vezes menos do que os mais de 12% que a China detinha no mesmo ano.
O aumento do peso de África no comércio internacional deve começar pelo próprio Continente.
De acordo com dados da Organização Mundial do Comércio pouco mais 10% das exportações totais dos países africanos têm como destino outro país africano. A título de comparação, na Europa, as trocas intra-europeias valem entre 70% e 80% das exportações totais do Continente, cujo peso nas exportações mundiais ronda os 42,4%.
Como diz o ditado africano: Se quiseres chegar rápido vai sozinho, se quiseres chegar longe vai acompanhado.