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Grande Entrevista

Empresas francesas querem investir em Angola mas esperam reformas

Sylvan Itté Embaixador de França em Angola

Para restabelecerem a confiança, as empresas estrangeiras esperam a concretização das medidas anunciadas por João Lourenço e a calendarização do pagamento das dívidas, afirma o embaixador francês. São 900 milhões USD, só às empresas francesas.

O Presidente angolano vai a França, a 28 de Maio. França está a dar um sinal ao ser o primeiro país europeu a receber João Lourenço, em visita oficial, ou é coincidência?
É uma mistura de coincidência e de oportunidade. O Presidente [Emmanuel] Macron e o Presidente Lourenço encontraram-se na cimeira da União Europeia/União Africana, em Abidjan, e a ideia de uma visita já tinha sido combinada entre os dois. Faltava acertar quem iria primeiro, foi decidido que seria o Presidente Lourenço. Macron virá a Angola em 2019.


Qual o interesse no reforço das relações bilaterais?
O interesse é de ambos. França quer desenvolver as suas relações com os países africanos fora da zona francófona, de 20 países, e Angola está entre os países estratégicos. Da nossa parte, é também reconstruir uma relação tradicional...


Relação que viveu um período de grande turbulência...
Todo o mundo sabe que a época do Angolagate [caso da vendas de armas a Angola, que foi julgado em Paris] foi um momento difícil. Na verdade, faz 10 anos que estamos, passo a passo, a reconstruir a relação. Do ponto de vista económico, França esteve sempre presente. É o terceiro investidor estrangeiro, principalmente na indústria petrolífera. Mais de 70 empresas francesas estão no País.


A Total é a mais visível...
Representa 42% da extracção petrolífera em Angola. Há o grupo Castel que, através da Cuca, é bem conhecida, é o primeiro empregador privado no País. A presença económica francesa é historicamente muito forte. É o terceiro investidor estrangeiro, depois da China e EUA.


A crise económica afectou essa presença? A Total, por exemplo, despediu trabalhadores.
Há empresas que diminuíram a sua presença, mas nenhuma decidiu sair. É a demonstração da vontade do sector económico francês de ficar em Angola, esperando dias melhores. Algumas estão a pensar desenvolver a sua presença e há outras interessadas em vir para Angola. Em Fevereiro, organizámos, em Paris, com o Business France, um fórum de apresentação de Angola e estiveram mais de 100 empresas francesas. Em Joanesburgo, na semana passada, na reunião dos embaixadores da África Austral, encontrei representantes de empresas presentes na África do Sul que olham para Angola.


O que esperam para vir?
Todo o mundo está à espera da concretização das reformas anunciadas pelo Presidente. Eu não sou o único embaixador a dizê-lo. As empresas francesas, como as outras, não vão investir porque o embaixador o diz. Não é assim que funciona uma economia livre. São as empresas que decidem. O que podemos fazer é um interface entre as autoridades angolanas e as empresas.

(Leia o artigo na integra na edição 466 do Expansão, de sexta-feira 29 de Março de 2018, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)