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Grande Entrevista

"Todos os dias assistimos à morte de empresas, muitas estão na morgue, outras estão moribundas"

Pedro Godinho, Empresário

Conhecido empresário do sector dos petróleos, Pedro Godinho fala do impacto da crise nos seus negócios e defende que a alteração ao regime cambial foi precipitada no sentido de agradar lá fora, porque às autoridades nacionais só interessa que Angola seja vista como um bom aluno.

Cada vez mais há empresários a alertar para as dificuldades que as empresas atravessam actualmente.Qual é a avaliação que faz da situação macroeconómica do País?
Estamos a atravessar momentos muito difíceis, poderia mesmo considerar que são os momentos mais difíceis dos 42 anos de independência, porque a economia já atravessou várias etapas de facto, mas não foram assim tão penosas e duradouras quanto esta. Todos os dias vamos assistindo à morte de empresas, muitas estão na morgue, outras estão moribundas à espera que haja algum milagre para ressurgirem. A situação é dura e grave, não está a ser fácil para a classe empresarial.


Acha que a situação virá a degradar-se ainda mais?
Estou um bocado céptico em relação ao horizonte temporal de recuperação. Que a situação vai melhorar, até vai, temos alguns indicadores que nos apontam para aí. O preço do barril de petróleo, por exemplo, está próximo dos 70 dólares, mas a produção está em decadência, portanto, não é espectável que a situação venha a melhorar tão cedo. Quanto à diversificação, pelo menos do ponto de vista empresarial, não se consegue notar nada. Estamos a ver um declínio do poder de compra do angolano.


O ambiente de negócio nacional continua a não ser favorável para os investidores internacionais...
Se não forem implementadas determinadas medidas, naturalmente, não há-de melhorar nunca o ambiente de negócio. Qualquer investidor que toma a decisão de investir em qualquer parte do mundo, a primeira preocupação dele é ver a estabilidade do país, os incentivos fiscais, as infra-estruturas, a estabilidade do sistema judicial - caso tenha algum contratempo que necessite recorrer a instituições de justiça é preciso que ele esteja confortável com isso - e no final de tudo, o repatriamento dos seus dividendos. Se essa última condição não estiver presente ninguém investe. Ninguém investe para depois ficar uma eternidade à espera do retorno.

(Leia o artigo na integra na edição 468 do Expansão, de sexta-feira 13 de Abril de 2018, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)