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Compra de participação na De Beers não será financiada pelo OGE

GARANTIU A MINISTRA DAS FINANÇAS

Negócio que pode envolver interesses de Angola, Botswana e Namíbia no sector diamantífero ainda está por concretizar.

O governo não vai financiar directamente a proposta de aquisição, pela Endiama, de uma participação maioritária na diamantífera De Beers, afirmou a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, durante a apresentação pública da proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2026, que aconteceu no dia 31 de Outubro, em Luanda.

"Posso garantir que não há nada sobre esse tema no OGE 2026", disse a ministra das Finanças. "Vamos assumir que a Endiama tem peito para tomar uma decisão desse género, porque garanto que o financiamento não vai sair do OGE. É tudo o que posso dizer nesta altura", sublinhou Vera Daves de Sousa.

A declaração da governante aconteceu depois de ter sido noticiado, no dia 24 de Outubro, que a Endiama apresentou uma proposta para adquirir a participação da Anglo American (que possui 85%) na De Beers. As declarações de José Ganga Júnior à Bloomberg sinalizam uma mudança significativa em relação à intenção, anunciada dia 24 de Setembro por Diamantino Azevedo (ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás), de compra de uma participação minoritária na principal empresa mundial de produção e comercialização de diamantes.

Essa participação seria parte de um movimento regional, com envolvimento directo de Angola, Botswana e Namíbia, no sentido de criar uma espécie de "cartel" dos diamantes e dessa forma aumentar a influência africana no sector diamantífero internacional. A oferta angolana, caso se confirmem os termos divulgados pelo PCA da Endiama, pode colocar em causa um posicionamento conjunto com o Botswana, que detém os restantes 15% do capital da De Beers, e que já anunciou publicamente estar em negociações com a Anglo American para controlar a empresa.

O presidente daquele país, Duma Boko, considerou mesmo que controlar a De Beers é "uma questão de soberania económica", devido à elevada exposição do Botswana à produção de diamantes. Segundo a imprensa regional e internacional, vários grupos e investidores, incluindo antigos executivos da De Beers, estão igualmente interessados em adquirir uma participação na multinacional. Sobre a associação regional com o Botswana e Namíbia, o PCA da Endiama sublinhou que "a De Beers é uma empresa tão grande" que há espaço "para vários parceiros".

No entanto, o Botswana, enquanto accionista, mantém o direito de preferência, que lhe permite igualar quaisquer propostas relativas ao capital da De Beers, que está avaliada em cerca de 5 mil milhões USD e registou prejuízos de 3,5 mil milhões USD nos últimos dois anos. Caso a avaliação seja objectiva, 85% da empresa valem actualmente cerca de 4,25 mil milhões USD. A Endiama espera que Angola "chegue a um entendimento" com o Botswana, declarou Ganga Júnior, sem confirmar se já houve contactos directos.

No caso da Namíbia, a imprensa local publicou informações que indicavam a necessidade de avaliar melhor todo o processo, porque subsistiam dúvidas sobre a viabilidade da De Beers e o futuro do sector diamantífero global. A questão financeira também levanta algumas dúvidas, já que a Endiama não parece ter capacidade para adquirir a participação de forma isolada.

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