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Gestão

Estará o Plano Geral de Contabilidade preparado para o agronegócio?

Em análise

O agronegócio é considerado actualmente como uma das chaves para se alcançar a visão nacional de aceleração do processo de diversificação da economia e, progressivamente, reduzir o peso das receitas do sector petrolífero, o qual se encontra fortemente dependente da trajectória de preços desta matéria-prima nos mercados internacionais, a nível da formação do Produto Interno Bruto (PIB) do País.

O investimento num agronegócio robusto, moderno, com técnicas de produção e conhecimentos tecnológicos são factores imprescindíveis para dotar o sector dos alicerces necessários para alavancar a sua estrutura organizacional a longo-prazo e aumentar a sua capacidade de produção para abastecimento do mercado nacional e, naturalmente, ambicionar a exploração de novos mercados através da exportação dos excedentes.

Angola é sobejamente conhecida por todos por possuir um vasto território de terras aráveis e férteis pelo que, este desígnio nacional deve ser encarado como uma oportunidade de criação de valor. No entanto, existem alguns desafios relevantes que devem ser acautelados pelos agentes económicos, desde logo, no que se refere às infra-estruturas e meios de transporte necessários para escoar a produção até ao consumidor final, cujo impacto a nível da estrutura de custos e formação de preços merece igualmente ser avaliado.

Por outro lado, do ponto de vista financeiro, e para além das dificuldades intrínsecas de um sector em desenvolvimento (como o acesso a subsídios ou a linhas de financiamento com condições favoráveis), as empresas também devem profissionalizar a sua gestão financeira, através da organização da contabilidade como ferramenta essencial no processo de tomada de decisão e responder, em simultâneo, às exigências legais e estatutárias em vigor, cumprimento fiscal e parafiscal.

Neste contexto, torna-se imperativo para todas as partes interessadas (stakeholders) saber "onde estamos" e para "onde caminhamos". O agronegócio tem diversas especificidades que tornam o seu relato financeiro mais desafiante, como por exemplo a mensuração de ativos biológicos, o investimento em projetos plurianuais, a sazonalidade da produção e a existência de vários factores de risco externos que podem impactar significativamente o seu valor.

Neste contexto, a questão que se coloca agora é: estará o Plano Geral de Contas Angolano (PGCA) preparado para dar respostas às necessidades dos stakeholders, nomeadamente no que se refere à organização contabilística e do relato financeiro das suas operações?

A forma como a informação financeira é preparada e apresentada pelas empresas do sector agro-industrial em Angola visa, na maior parte dos casos, apenas cumprir com as exigências fiscais, pelo que poderá apresentar limitações para a análise de performance e tomada de decisão de outros stakeholders.

*TRS Manager da PwC Angola

(Leia o artigo integral na edição 614 do Expansão, de sexta-feira, dia 5 de Março de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)