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Pandemia está a matar as pequenas e médias empresas

Peritos do FMI alertam para concentração empresarial que ameaça recuperação económica

A pandemia da Covid-19 está a fortalecer as grandes empresas, que ganham mercado com as fusões e aquisições e, à "medida que emergem ainda mais fortes da crise", deixam pelo caminho as de menor porte, pondo em causa o dinamismo empresarial.

O alerta é lançado por quatro técnicos do Fundo Monetário Internacional, entre os quais a directora-geral da organização, Kristalina Georgieva. Os quatro peritos do FMI temem que a "concentração excessiva de poder de mercado nas mãos de poucas empresas" prejudique o crescimento a médio prazo, asfixiando a inovação e retardando o investimento, e por isso instam os governos e as autoridades nacionais da concorrência a estarem "mais vigilantes" na fiscalização das fusões.

A excessiva concentração pode "enfraquecer a recuperação após a crise causada pela Covid-19 e bloquear a ascensão de muitas empresas emergentes num momento em que o seu dinamismo é extremamente necessário", escrevem os dirigentes do FMI, numa altura em que, nos EUA, se discute a aplicação de um imposto sobre as fortunas. O Ultra-Millionaire Tax Act é uma proposta da senadora democrata Elizabeth Warren que, segundo o Business Insider, afectaria apenas 100 mil famílias americanas.

Criar condições "mais equitativas" é, pois, "mais importante do que nunca", defendem os técnicos do FMI, que defendem um papel mais interventivo dos governos e das autoridades de concorrência. Estas últimas devem proibir "mais activamente" o "abuso de posições dominantes e iniciar mais investigações de mercado para detectar comportamentos prejudiciais mesmo sem ter recebido denúncias de violação da lei".

Os autores do artigo apontam como positivo o facto de a União Europeia e dos EUA terem iniciado análises activas das políticas de concorrência. "Essa é uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. As autoridades devem agir de imediato para evitar outro aumento acentuado do poder de mercado que poderia retardar a recuperação", sublinham. Além da directora-geral do FMI, o artigo é assinado por Federico Díez, economista na Unidade de Reformas Estruturais do Departamento de Estudos do FMI, Romain Duval, director adjunto no Departamento de Estudos do fundo, onde lidera o programa de reformas estruturais, e Daniel Schwarz, assessor jurídico na Unidade de Países do Departamento Jurídico do FMI.

O aumento do poder de mercado em múltiplos sectores decorrente da pandemia irá agravar, na óptica dos quatro peritos do Fundo Monetário Internacional, uma tendência com mais de quatro décadas. Por exemplo, as margens de preços mundiais aumentaram mais de 30% em média, entre as empresas listadas em bolsa nas economias avançadas desde 1980. Nos últimos 20 anos, o aumento das margens do sector digital tem sido duas vezes maior do que no conjunto da economia.

(Leia o artigo integral na edição 616 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Março de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)