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Quarentenas atenuaram crise nos hotéis de Luanda

Hotelaria em crise há quatro anos

As quarentenas obrigatórias em Angola devido à pandemia da Covid-19 atenuaram a crise nos hotéis de referência em Luanda, enquanto a situação se agravou no interior do País, onde as taxas de ocupação caíram e se fixaram entre os 5% e os 20%, os indicadores mais baixos desde o fim da guerra.

Os dados da consultora imobiliária Prime Yield Angola, na sua pesquisa sobre o mercado hoteleiro referentes ao período 2019 e 2020, indicam que a taxa de ocupação dos hotéis na capital do País em 2019 e no I trimestre de 2020 foi de 35%, menos cinco pontos percentuais que no ano anterior, enquanto os preços no segmento de hotéis de 5 estrelas caíram 8% no mesmo período.

O novo presidente da AHRA, Ramiro Barreira, confirmou que em Luanda os grandes hotéis estão com uma taxa de ocupação aceitável, apesar da crise que resultou da pandemia da Covid-19.

A queda da taxa de ocupação, durante o período em referência, prosseguiu, reflecte as necessidades do sector em que o seus operadores se queixam de estar há quatro anos em grandes dificuldades para sobreviver, com muitas unidades fechadas, sobretudo no interior do País, mas que a situação contínua em níveis razoáveis no grande centro financeiro do País, que é Luanda.

De acordo com a pesquisa, à semelhança do mercado imobiliário, também o segmento hoteleiro é fortemente dependente do investimento corporativo, mais concretamente do turismo de negócios, um cenário que foi seriamente abalado com os efeitos da pandemia da Covid-19, tendo desacelerado o turismo e a economia mundial.

A Prime revela que com a crise da Covid-19, evidenciam-se taxas de ocupação reduzidas, com este indicador a ficar em 35% para Luanda, o nível mais baixo dos últimos quatro anos.

Em termos de diárias médias, em 2019 e princípio de 2020, as unidades de 5 estrelas registaram a maior descida, 17%, para 350 USD por uma estadia de 24 horas. A descida é justificada com a concorrência das outras categorias hoteleiras. No entanto, nas unidades hoteleiras de 3 e 4 estrelas, os preços das dormidas caíram 9% e 6%, para 100 USD e 245 USD respectivamente.

Devido à pouca margem para reduzir os preços, entre 2019-2020, em contexto de ocupações reduzidas, a descida ficou abaixo dos 10%, indica a Prime. Apesar das descidas dos valores em dólar, fruto da desvalorização cambial, os valores das diárias em kwanzas apresentam uma subida, o que impacta na redução das taxas de ocupação a nível do cliente doméstico. Porquanto, desconhecem-se os dados sobre os preços a nível nacional e o peso dos angolanos na taxa de ocupação.

Os números apontam uma trajectória de um sector que sofre as consequências de uma conjuntura económica adversa e o impacto da crise pandémica. Trata-se de uma actividade que depende muito dos homens de negócios e dos expatriados que trabalham em Angola.

"O sector hoteleiro em Angola tem uma ocupação nos principais hotéis quase exclusivamente do segmento de negócios. A actividade hoteleira tem vindo, nos últimos anos, a ter um desempenho em linha com o estado da economia do País. Os números actuais reflectem isso mesmo, uma ocupação cada vez mais reduzida e mais empresas em dificuldades de cumprir as suas obrigações fiscais e contratuais", explica um hoteleiro da capital, que acrescenta ainda que o cenário é difícil no interior do País, tudo porque grande parte dos expatriados tiveram que abandonar o País, porque as empresas foram obrigadas a reduzir os seus colaboradores.

(Leia o artigo integral na edição 619 do Expansão, de sexta-feira, dia 9 de Abril de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)