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Economia

Banca já perdeu 1.655 empregos desde o início da Covid-19

ENCERRARAM 227 AGÊNCIAS

Se em 2019 o sector bancário empregava um total de 16.539 colaboradores, mais de 10% desse conjunto foi mandado para casa até finais de 2021, com o Banco de Poupança e Crédito a liderar as saídas de pessoal. A justificar as perdas de emprego está, sobretudo, o processo de reestruturação e a digitalização do sector que despertou para um choque tecnológico.

Desde o início da pandemia da Covid-19 que o sector bancário já "perdeu" 1.655 funcionários devido, sobretudo, à reestruturação do sector no sentido da digitalização mas também ao plano de reestruturação do BPC, que é responsável pela saída de 61% desse número, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios e contas de 18 instituições bancárias.

Entre 2019 e 2021 há igualmente uma redução de 227 agências/postos de atendimento. Do conjunto de instituições bancárias que publicam nos R&C os números de colaboradores e de agências, o Banco de Poupança e Crédito foi o que mais encerrou postos de trabalhos, com um total de 1.014 profissionais, seguido imediatamente pelo Banco Millennium Atlântico (BMA), que mandou para "casa" um conjunto de 309 colaboradores. Ao todo, contas feitas, se em 2019 o sector bancário angolano empregava um total de 16.539 colaboradores, até 31 de Dezembro de 2021, mais de 10% desse conjunto perdeu o seu emprego. E foram encerrados das agências que existiam em 2019.

Na base deste facto, e como admitiram alguns gestores de bancos cujas instituições cortaram no núme[1]ro de colaboradores, estão, entre outros, a pandemia da Covid-19, os vários processos de reestruturação que ainda se seguem em alguns bancos, que inclui encerramento de agências e, por isso, redução dos postos de trabalho, e processos disciplinares aplicados por alguns bancos que terminaram em despedimentos, variáveis que pesaram na extinção dos 1.655 empregos só entre 2019 e 2022.

Só o BPC, por exemplo, foi um dos bancos que levou em curso um processo reestruturação que levou ao encerramento de agências e redução de pessoal, numa marcha que já vem desde 2018. Como noticiou o Expansão na edição 616, de 19 de Março de 2021, cerca de 500 funcionários foram despedidos por suspeitas de crimes. Estes 500 ex-funcionários foram "tramados" pelo sistema de controlo interno implementado pelo conselho de administração que entrou a meio do ano de 2019. Entre as práticas que levaram ao despedimento estão principalmente o desvio de dinheiro de clientes para uma só conta sem que o colaborador depois conseguisse justificar a transacção ao departamento de controlo interno.

Se, por um lado, algumas vezes esta prática resultava do "à-vontade que esse funcionário tinha com o cliente que, por sua vez, recebeu crédito fácil do próprio banco", noutras foi necessário contactar o cliente para que este confirmasse a suspeita de que estava a ser lesado. "Em alguns casos eram práticas antigas e nunca foram resolvidas porque os clientes também nunca apresentavam queixas, uns porque nem se apercebiam e outros porque, lá está, conseguiram esse dinheiro por via de financiamentos muito fáceis e eram permissivos para não arranjar problemas", admitiu, na altura, uma fonte do banco.

Agora, ao Expansão, a administração do banco, através do seu gabinete de comunicação, justificou a saída dos funcionários com a "passagem à reforma, de acordo com os critérios definidos na Lei Geral do Trabalho, e despedimentos por justa causa, nomeadamente por violação grave das normas da instituição".

(Leia o artigo integral na edição 693 do Expansão, de sexta-feira, dia 23 de Setembrode 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)