Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Economia

Investimento em publicidade caiu 71% e "afastou" os estrangeiros do mercado

MERCADO NACIONAL DE 2015 A 2019

A Lei Geral da Publicidade proíbe negociações entre clientes e os órgãos de comunicação social sem antes passarem pelas agências de publicidades legalmente constituídas e registadas. Mas a AAEPM diz que há acertos directos entre empresas de "amigos" instaladas nas instituições públicas.

O mercado nacional de publicidade não escapou aos efeitos da crise financeira que se instalou no País. De acordo com estudo da Marktest Angola, em 2015, o sector teve um investimento médio em publicidade (aquele que é apresentado nos valores de tabela dos meios de difusão massiva) de 227,1 milhões USD e em 2019 o registo foi de 65,1 milhões USD, que corresponde a uma queda de 71% dos investimentos. Com a pandemia, o sector ficou ainda mais afectado, sendo que em 2020 o investimento em publicidade, particularmente nos órgãos de comunicação tradicionais, cifrou-se em 36,1 milhões USD.

Conforme refere o presidente da Associação Angola de Empresas de Publicidades e Marketing (AAEPM), Nuno Fernandes, a crise económica e financeira "afastou" de certa forma o contributo "válido e próximo" da força especializada estrangeira contratada que operava no País. Mencionou que existiam no mercado aqueles que estavam devidamente contratados em unidades de comunicação angolanas, integrados e a fortalecerem as estruturas empregadoras com o seu know-how, ajudando a formar quadros angolanos que hoje são referência e a posicionar as empresas nacionais para patamares de competitividade. Algumas já competiam no mercado internacional.

Por outro lado, Nuno Fernandes referiu que outros agentes, representando à margem da lei empresas estrangeiras no território, "procuravam a todo o custo transferir o trabalho local para empresas sediadas no estrangeiro, secando o mercado nacional e fazendo dessas acções operações financeiras com ganhos indevidos para o exterior, com a conivência clara de responsáveis públicos e privados do País que igualmente tiravam proveitos".

Independentemente de o País ter hoje uma lei que proíbe frontalmente essas acções, "camufladamente", agentes privados e públicos continuam a fazê-lo. "Empresas com elevado grau de responsabilidade no mercado, quer na banca, distribuição e outros sectores vão fazendo isso com o olhar brando das autoridades", revelou.

O presidente da AAEPM diz não ter elementos para aferir o peso do sector publicitário no mercado nacional, pois a recolha de dados junto de outras instituições foi impossibilitada pela pandemia. Porém, pede aos associados no sentido de divulgarem os resultados das operações com transparência.

A Associação Angola de Empresas de Publicidades e Marketing tem mais de 65 membros e a operação de cerca de 50 associados, em 2021, teve uma facturação à volta dos 15 mil milhões Kz, números do Ministério da Economia e Planeamento, por isso, "há um caminho a fazer", referiu.

(Leia o artigo integral na edição 658 do Expansão, de sexta-feira, dia 21 de Janeiro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)