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A tecnologia é democrata

CAPITAL HUMANO

O que a tecnologia providencia ao angolano é a possibilidade de obter a mesma informação, trabalhar ou desenvolver apps da mesma forma que o americano. E nesse aspecto a tecnologia é democrata, é igualitária. Todos temos acesso às mesmas tecnologias, o uso que fazemos das mesmas é que nos diferencia.

Nos anos 80 e 90 a escolha de um sistema operativo (SO) para o funcionamento básico de um computador pessoal dividia-se entre Windows e Linux. É verdade que existiam outros SO, como o MacOS ou o HP-UX, mas o Windows e o Linux dominavam o mercado. Se quiséssemos ferramentas de produtividade, muito provavelmente teríamos de escolher entro o Office da Microsoft e o então StarOffice (posteriormente Open Office). Apesar de variada, a escolha de um determinado tipo de software era, quase sempre, binária. O software que instalávamos nos computadores pessoais ou de trabalho limitava- -se muitas vezes ao SO, a ferramentas de produtividade (quase sempre o Office da Microsoft), uma outra aplicação e pouco mais.

Hoje em dia não. Para além do sistema operativo, temos leitores de música, ferramentas de comunicação, arquivos e editores de fotos, browsers, clouds pessoais, entre outras. Além disto, a oferta para cada tipo de aplicação é variada e de qualidade. Um bom exemplo é a escolha de uma cloud (arquivo de fotos, documentos, música, etc.) onde as opções de escolha são imensas (Google Cloud, iCloud, Dropbox, Box, OneDrive, Sync, etc.) e muitas vezes gratuitas (até um determinado limite ou nível de serviço).

Todos os dias aparecem novas apps, software e ferramentas em áreas tão distintas como machine learning, blockchain, inteligência artificial ou realidade virtual. Fala-se de virtualização, NFT"s e de temas tão complexos e variados que até um eterno curioso da informática como eu tem dificuldade em acompanhar. No mercado empresarial ainda pior: a mudança é diária e difícil de acompanhar. No entanto, e apesar de todo este aumento de complexidade, é cada vez mais simples aceder à informação e comunicar com os outros.

A tecnologia veio facilitar-nos isso. A tecnologia ligou-nos ao mundo. O acesso à informação é constante e facilitado. Um angolano no Uíge com uma ligação à internet pode consultar e aceder à mesma informação que um americano no Arkansas. O que a tecnologia providencia ao angolano é a possibilidade de obter a mesma informação, trabalhar ou desenvolver apps da mesma forma que o americano. E nesse aspecto a tecnologia é democrata, é igualitária. Todos nós que temos acesso à internet temos acesso às mesmas tecnologias, o uso que fazemos das mesmas é que nos diferencia.

Daí que seja fundamental para os países, a par de uma aposta forte na Educação, apostar no ensino e qualificação nas diversas áreas tecnológicas. Juntamente com a Educação, a Tecnologia é hoje um dos principais factores diferenciadores dos países que permite aos mesmos obter vantagens significativas face aos restantes em termos económicos, sociais e militares.

Hoje, as empresas tecnológicas angolanas sentem muita dificuldade em encontrar quadros angolanos qualificados e especializados nas mais diversas e avançadas tecnologias, não havendo uma verdadeira aposta nacional na criação e formação de quadros especializados. Angola necessita urgentemente de formar mais quadros nacionais em Tecnologias de Informação e de recrutar estrangeiros especializados na área, capazes de aportar valor.

A aposta nas TI tem de começar nas pessoas, na formação e capacitação destas, pois são as pessoas que criam, transformam e usam as tecnologias. Porque são as pessoas o maior activo das organizações e dos países.