Etiqueta e outros factores imateriais que impactam...
Etiqueta profissional não é um assunto de secretariado. É matéria para todos os profissionais, principalmente os servidores públicos de alto a baixo. Na verdade, os exemplos vêm de cima e as pessoas e as suas atitudes são o maior cartão de visitas. No final das contas, quem faz as empresas, as instituições e os países são as pessoas.
Com tantos assuntos importantes para escrever, provavelmente já estejam zangados..., só com o título..., mas a verdade é que este tema da etiqueta profissional, tem muito que se lhe diga no mundo dos negócios e na atracção ao investimento. Não estamos a referirmo-nos a um look impecável ou a uma boa caneta.... estamos a enfatizar as normas não escritas que fazem toda a diferença na hora de fazer negócios. Referimo-nos aos princípios, à cultura de gestão que se percepciona na marca pessoal dos gestores ou líderes das instituições ou mesmo do país. Os tais factores imateriais que todos sentem..., mas que ninguém fala. O tal "silencio ruidoso."
Etiqueta profissional não é um assunto de secretariado. É matéria para todos os profissionais, principalmente os servidores públicos de alto a baixo. Na verdade, os exemplos vêm de cima e as pessoas e as suas atitudes são o maior cartão de visitas. No final das contas, quem faz as empresas, as instituições e os países são as pessoas e, portanto, o capital ou o talento e sobretudo a atitude humana são um activo essencial para a capital organizacional, a produtividade e o sucesso no seu conjunto. E não é por acaso que sobrevive o ditado de Leo da Silva Alves: "Os homens públicos devem servir ao povo como soldado serve a pátria, como o sacerdote serve a Deus."
Apesar der ser uma coisa séria, este tema da etiqueta também pode ser levado a "rir": imaginem "a alegria" de trabalhar sob lideranças públicas onde a falta de etiqueta profissional começa pela emoção de esperar horas sem fim...! Um pontapé à pontualidade! Que melhor maneira de valorizar o tempo dos subordinados do que fazê-los esperar interminavelmente por reuniões e eventos que começam quando bem entenderem.
"Só para me sentirem! "
Continuando a brincadeira com os factores imateriais que impactam, vamos supor uma linguagem agressiva! Nada diz mais "eu sou um líder eficaz" do que gritos e insultos espalhados generosamente pelo território. Quem precisa de comunicação clara e respeitosa quando se pode berrar instruções e críticas? Exonerações e nomeações sem aviso prévio são a cereja no topo do bolo. Nada como uma boa exoneração para motivar a equipe a dar o seu melhor e mostrar quem é que manda, certo? É uma estratégia infalível para criar um ambiente de trabalho harmonioso e produtivo, onde todos se sentem valorizados e respeitados e com vontade de fazer ... muito! É como um reality show de recursos humanos, onde ninguém sabe quem será o próximo eliminado ou promovido. A adrenalina corre solta! Claro que é tudo a brincar com coisas sérias pois a etiqueta profissional ... é apenas etiqueta!
Isto sem falar na e-etiqueta, aonde emails ficam sem respostas e propostas esquecidas ou com feedbacks muito atrasados impactando em muito, o custo da oportunidade. Nem vamos passar pelo desgaste das ordens de saque que passam os 90 dias, as inspecções, dos controlos nas estradas, controlo de fronteira nos aeroportos domésticos, nem o pedido de documentos pela polícia sempre que se aproxima o fim de semana... não é preciso. Quem vive em Angola sabe que existe um rol de maus exemplos pela não observância dos mínimos olímpicos da etiqueta do servidor publico. A ideia central é o cuidado que os servidores públicos devem, acima de todos, ter que com a imagem do País e como tratam os seus próprios cidadãos a todos os níveis. Esse capital imaterial reflecte mais do que tudo o capital organizacional e as práticas de gestão do país que são um conjunto de activos intangíveis que contribuem para a imagem, o compromisso com a eficiência, a eficácia e sobretudo, o "bem servir", (aqui uma pausa de silêncio e suspiro).
Tudo isto pode soar a manias de gestão e a tiques urbanos, mas a verdade é que etiqueta profissional, sobretudo ao nível do servidor público, não é um tema totalmente idiota. São mínimos olímpicos de cortesia e tratamento respeitoso, uso de linguagem apropriada, pontualidade e compromisso, principalmente em tempos de abertura ao investimento estrangeiro e ao turismo. No mínimo útil percebermos que este factores imateriais são invisíveis, mas perceptíveis e criam (ou destroem) a imagem do País e influenciam decisões de quem observa e sente.
Os decretos não mudam atitudes, mas os exemplos sim! Claro que "etiqueta profissional" não é um assunto importante comparativamente ao universo de prioridades, mas ... insistindo nos princípios de governance, é também um sinal de ética e integridade (os "soft" ingredientes) necessários à confiança da população na administração pública.
Leia o artigo integral na edição 793 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)