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Grande Entrevista

"As empresas realizam avultados investimentos em equipamentos sem ter em conta a manutenção"

VICENTE INÁCIO, Presidente da Associação Angolana de Manutenção e Gestão de Activos

O presidente da Associação Angolana de Manutenção e Gestão de Activos fala sobre os desafios e soluções da gestão e manutenção de activos em Angola. E sobre o fundo de capital de risco que está a constituir para financiar as prestadoras de serviços à indústria petrolífera.

Quais os desafios da AAMGA sector a sector, a nível da manutenção e gestão de activos em Angola. Quais são os sectores onde é mais necessária?

Dentro do escopo de actividades que a Associação Angolana de Manutenção e Gestão de Activos (AAMGA) tem vindo a desenvolver uma boa parte é procurar levar as melhores práticas junto da comunidade que trabalha com manutenção de activos.

Que boas práticas são essas?

O que assistimos no nosso território é que muitas vezes as empresas realizam avultados investimentos em equipamentos, como gruas, equipamentos de elevação, meios de transporte e outros para execução das suas actividades, mas notamos que, com frequência, acabam por esquecer de tomar em conta o aspecto da manutenção.

Está a dizer que as empresas e instituições fazem grandes investimentos sem assegurar a manutenção e, por isso, aumentam custos e reduzem o tempo de vida útil dos activos?

O que é aconselhável. Vamos tomar como exemplo a construção de uma unidade industrial. Quando vamos construir uma unidade industrial, temos a fase de engenharia, depois temos a fase de compra, ou seja, a fase de procurement, em que compramos os equipamentos. Vamos depois transportar estes equipamentos, entramos na fase de construção e de instalação e só depois chegamos à fase de operação. Isto tudo é feito sem pensar na manutenção.

Como reduzir os custos com manutenção de activos e aumentar o tempo de vida útil de estradas, aeronaves, plataformas usadas na produção e armazenamento de petróleo e gás e outros activos? O que é que se recomenda aqui?

Durante a fase de engenharia, se possível, o dono da obra deve requerer e dispor já junto da empresa de engenharia da presença da sua equipa de manutenção. Quando estamos a construir uma unidade de serviços, seja um hospital, estrada, unidade fabril industrial ou um shopping center, devemos envolver já a equipa de manutenção para que esta equipa possa conhecer melhor as instalações onde depois vão operar.

Há mais de 20 anos, quando começou a construção do FPSO do bloco 17, operado pela Total, e de onde sai hoje 30% da produção de petróleo de Angola, as equipas de manutenção e que iriam trabalhar no FPSO acompanharam o processo de construção e participaram na escolha dos componentes. É isso que defende?

De acordo com o que conheço, em Angola apenas conseguimos encontrar esta prática no sector petrolífero. Sendo uma boa prática, nós temos vindo a falar com os nossos associados e procurar trazer, por via destes processos de divulgação e sensibilização, as melhores práticas. É ter as suas equipas de manutenção envolvidas num projecto desde a fase de concepção, engenharia, construção até à montagem do equipamento em Angola.

O que é que isso ajudaria a resolver?

A equipa de manutenção deve participar na tomada de decisão sobre a compra dos equipamentos, porque são eles que vão tratar da manutenção dos equipamentos. Não é o pessoal da área do procurement, ou seja, da área de compras que vai lidar com os equipamentos ao longo do ciclo de vida destes activos, é a equipa da manutenção, não é?

Em Angola, a manutenção de activos parece ser um tema crítico. Gasta-se muito a construir as infraestruturas, mas depois elas não duram. Como resolver este problema?

Vamos imaginar que tu constróis uma estrada, tens vias como as que temos aqui no país e colocas aquelas barreiras metálicas de protecção para que a viatura não saia da via, em caso de um eventual acidente. Mas hoje constatamos que estas barreiras estão todas danificadas, logo estamos diante de um problema de manutenção. Portanto, são situações que nós podemos acautelar se, de facto, ao longo do projecto nós dissermos vamos instalar as barreiras, mas temos de ter um conjunto também de barreiras metálicas em stock.

(Leia o artigo integral na edição 691 do Expansão, de sexta-feira, dia 9 de Setembrode 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)