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Grande Entrevista

"Estamos a definir mal os investimentos. É preciso olhar para os que criam rentabilidade"

Augusto Fernandes, consultor e empresário

Augusto Fernandes defende a abertura no acesso à terra, aponta o dedo ao sistema bancário, muito condicionado pelo poder político quando o país precisa de financiamento para alavancar a economia e sair da dependência do petróleo. O consultor considera que algumas acções do Presidente da República afastam o investimento estrangeiro e que os empréstimos não devem gerar despesa, mas externalidades positivas

As empresas angolanas têm apresentado diversas inquietações que contribuem negativamente para o seu desenvolvimento. Na sua visão, o que é que entrava o crescimento destas empresas?

Não podemos identificar apenas um problema. É preciso catalogar todos os problemas e depois resolvê-los um por um. Às vezes, ficamos fixados num problema, resolvemos e, depois, damos conta que não funcionou. Por exemplo, se tivermos de fazer uma comparação com a medicina, no caso de um paciente que tem várias patologias, a medicação é variada em função das patologias e prioridades. No caso das empresas, é preciso identificar todos os problemas e começar a ver qual devemos atacar primeiro. Porque, às vezes, a combinação de medicamentos também mata o paciente.

E qual é o que mais prejudica o desenvolvimento das empresas angolanas?

Um dos principais problemas que os países subdesenvolvidos têm é o acesso à terra. Não se faz actividade económica sem acesso aos recursos naturais. Para fazermos produção de qualquer produto precisamos de factores naturais e de capitais. Os factores naturais são a terra, o ar, água, chuva... Os que a natureza nos dá de graça. Depois temos os factores de capital, que se traduz em capital humano, material, tecnológico e temos ainda o capital financeiro. E quando olhamos para a bateria dos capitais chegamos a` conclusão que nos falta todo o tipo de capital. Não temos capital financeiro, material e o capital humano temos muito pouco.

Há quem defende que isto e" uma falsa questão?

Do ponto de vista de recursos humanos necessários para colocar a máquina económica a funcionar, temos de ser humildes e reconhecer que ainda temos défice neste capítulo. Quando olhamos para os recursos financeiros, kwanza não é o problema. Precisamos de máquinas e equipamentos para poder produzir e para ter estas máquinas e equipamentos precisamos de importar. E aí voltamos a cair no velho problema de falta de divisas.

(Leia o artigo integral na edição 644 do Expansão, de sexta-feira, dia 01 de Outubro 2021, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)