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Grande Entrevista

"Não somos o maior operador em Angola, somos o maior produtor em Equity Oil no País"

ADRIANO MONGINI, CEO AZULE ENERGY

O primeiro CEO da Azule, Adriano Mongini, recorda que a empresa resulta da fusão de interesses participativos da BP e ENI em Angola começou a operar na semana passada. Com os seus pouco mais de 200 mil barris de petróleo por dia a que tem direito, nos 16 blocos onde está presente, e já é a petrolífera com maior fatia do petróleo produzido em Angola.

Pouco depois do arranque, qual é o valor financeiro da Azule Energy e a missão e ambições no mercado angolano?

A Azule Energy é uma joint venture 50/50 entre a BP e a ENI, mas é uma empresa independente. O que significa que não recebemos nenhum dinheiro dos accionistas e somos responsáveis por financiar as nossas próprias actividades. Este financiamento será feito por via das receitas da actividade da empresa e por via de empréstimos junto de bancos.

De que países e quais são os bancos com que a Azule Energy está a trabalhar?

Actualmente, temos um empréstimo de 2,5 milhões de dólares junto dos bancos. Vamos começar a trabalhar com este dinheiro e os bancos mostraram- -se abertos a facilitar este empréstimo à Azule Energy. Note que inspirar esta confiança junto dos bancos significa que a empresa é muito robusta e que é um investimento seguro. Nós também acreditamos nisso.

O elevado preço do petróleo neste momento ajudou a criar o apetite dos bancos?

Claro que neste ambiente de preços elevados dos hidrocarbonetos somos muito robustos. Mas mesmo que o preço mude [baixe] continuaremos a ter um negócio muito bom aqui, em Angola.

A Azule Energy é uma joint venture que vai gerir apenas os recursos de petróleo e gás da BP e ENI em Angola?

Todas as nossas actividades estão em Angola agora. Em representação dos accionistas da BP e da ENI, a empresa vai ficar com todos os activos de ambas as empresas em Angola. Falo de todas as actividades do upstream, bem como da participação na Solenova, uma joint venture 50/50 com a Sonangol.

Mas existem outros projectos onde os accionistas tinham interesses?

Sim. Também temos uma colaboração com a Sonangol na refinaria de Luanda. Todas estas actividades pertencem e são agora responsabilidade da Azule Energy. Olhando para a dimensão dos nossos negócios em Angola, temos agora participações em 16 blocos no País, em seis dos quais somos operadores.

Na nota de imprensa publicada na semana passada dizem que a Azule Energy é o novo maior produtor independente de petróleo e gás de Angola, e que pretendem aumentar a produção para 250.000 barris de óleo dia. Não é ambição a mais?

Não somos o maior operador em Angola. Somos o maior produtor em equity oil em Angola. Vamos começar com uma produção de mais de 200.000 barris de petróleo por dia, falo de equity oil [ou seja, a proporção de barris de petróleo produzidos em Angola que pertencem à empresa].

De onde vem a grande parte deste equity oil a que têm direito e que vos torna gigantes em Angola?

Nos blocos operados, estamos com quatro FPSO"s [unidades flutuantes de armazenamento, produção e transporte de petróleo], dois no bloco 15/06, um no bloco 18 e o outro no bloco 31. O plano é aumentar a produção para mais de 250.000 barris por dia nos próximos 5 anos. Com a fusão de interesses participativos da BP e ENI, a Azule passa a ter uma participação de 42% no bloco 15 operado pela Exxon Mobil e que é o segundo principal bloco do país. A Azule também tem participação no principal bloco do país, o bloco 17, operado pela Totalenergies, onde se produz 30% do petróleo angolano.

Conta os investimentos nestes blocos para assegurar o aumento de produção para mais de 250.000 barris de petróleo nos próximos 5 anos?

Sim. O objectivo é crescer organicamente, desenvolvendo as reservas que foram descobertas, nos blocos em que somos operadores, mas também alavancando a produção nos blocos em que não somos operadores, como o Bloco 15 operado pela Exxon Mobil e no bloco 17 operado pela Totalenergies. Em ambos os blocos, somos os maiores contribuintes como não operadores.

Qual a vossa visão para os projectos em Angola?

Devo dizer que a nossa visão é aplicar o conceito de sermos capazes de descobrir consideráveis quantidades de reservas de petróleo e gás nas nossas actividades de exploração e sermos capazes de converter estas descobertas em produção, num prazo muito curto de tempo. É o modelo que temos seguido no bloco 15/06 enquanto ENI, e é o que pretendemos fazer em toda a nossa actividade operada enquanto Azule Energy.

Já sabem qual poderá ser a contribuição de alguns blocos em exploração como o 1/16, cuja produção se prevê arrancar no próximo ano?

O nosso plano passa por fazer crescer a produção organicamente. O aumento de produção passa pelos 4 blocos operados que já têm FPSO"s. Mas nós também temos 3 blocos em fase de exploração [entre os quais está o bloco 1/16]. E o nosso plano é crescer organicamente.

O que isso significa?

Significa que não vamos comprar participação em blocos em produção de outros operadores, mas vamos crescer na actividade de exploração em blocos onde já estamos em produção. Isso tem sido possível nos últimos anos, a provar isso está o sucesso do bloco 15/06, e vamos implementar o mesmo conceito no bloco 18, no bloco 31 e nos novos blocos em exploração.

(Leia o artigo integral na edição 687 do Expansão, de sexta-feira, dia 12 de Agosto de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)