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China promete mais dinheiro e africanos vão comprar mais

CIMEIRA CHINA-ÁFRICA

China garante que vai libertar mais empréstimos e financiamentos para África, mas em troca quer garantir facilidades no acesso aos recursos naturais do continente, e que os países africanos aumentem as compras de produtos chineses. Uma relação de cooperação em que ganham ambos os lados.

A Cimeira China-África termina esta sexta-feira, sendo que os resultados práticos só serão conhecidos nas próximas semanas. Os principais líderes africanos foram pedir mais fundos para grandes obras, fundamentalmente infraestruturas de energia e transportes, e a China, no máximo da sua boa vontade, promete ajudar desde que possa cativar os recursos naturais - especialmente ouro, cobre, lítio e minerais de terras - como garantia do retorno do dinheiro. O que simpaticamente é tratado por colaterais. Também se mantém a exigência de confidencialidade sob as condições com que estes empréstimos são feitos, o que de alguma forma impossibilita uma análise mais assertiva sobre os benefícios desta relação de África com o país asiático.

Não se deve esquecer que hoje cerca de 20% das exportações africanas são para a China, com destaque para os metais, produtos minerais e petróleo. A madeira é outro dos produtos referenciados, embora em muitos países africanos se debata com frequência o comércio ilegal que é promovido por cidadãos chineses em associação com as autoridades locais de diversos territórios. Por outro lado, a China é o maior fornecedor de produtos manufacturados e máquinas de África, o que origina um déficit comercial importante para muitos países. É o maior parceiro comercial do continente, e no primeiro semestre as trocas comerciais atingiram 167,8 mil milhões USD. Um outro dado a reter é que, desde 2016, o ano passado foi o período em que a China concedeu mais crédito aos países africanos.

Sabe-se também que nesta cimeira foi discutida a possibilidade de aumento da importação pelos países africanos de equipamentos e tecnologia chinesa, que enfrentam algumas restrições de entrada nos países europeus e sul-americanos, de que são exemplo os veículos eléctricos e os painéis solares. Nesta altura, as nações africanas estão a desenvolver grandes projectos no caminho para a transição energética, e a China quer ser parceira e fornecer os seus produtos, equipamentos e sistemas.

Foi anunciado ainda antes desta cimeira que no Botswana um consócio chinês, Sinotswana Green Energy, tinha assinado um acordo para financiar a construção e o equipamento de uma central solar de 100 megawatts na cidade de Jwaneng. No Sudão do Sul, a empresa chinesa Sokec e a empresa estatal de petróleo, Nipelet, uniram-se para construir uma refinaria de petróleo e uma unidade logística de armazenamento e transporte.

Estão em Pequim 16 chefes de países africanos e delegações de 52 nações, apenas Eswatini não se deslocou porque tem relações diplomáticas com Taiwan. Angola fez-se representar pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, o que de acordo com a imprensa internacional, não terá sido do agrado das autoridades chinesas que esperavam a presença do Presidente João Lourenço, depois do convite que lhe foi feito há nove meses. Lembrar que Angola é o maior benefeciário dos investimentos chineses no continente, recebeu desde 2002 cerca de 45 mil milhões USD, seguindo- -se a Etiópia (14,1 mil milhões USD) e o Quénia (9,7 mil milhões USD). No total, de acordo com o Centro de Desenvolvimento Global de Políticas da Universidade de Boston, a China terá emprestado desde do início deste século a países africanos 170 mil milhões USD.

A movimentação dos presidentes africanos na capital chinesa começou no fim de semana passado, com a chegada do presidente Cryril Ramaphosa para uma visita oficial que se estendeu para a sua participação neste fórum. Um comunicado conjunto emitido posteriormente, refere que a "China se compromete a aumentar a criação de empregos, com indicações para as empresas chinesas promoverem o emprego local na África do Sul".

Na 2ª feira o presidente chinês, Xi Jinping, recebeu o chefe da junta militar do Mali, Coronel Assimi Goita, e garantiu que a China vai ajudar aquele país com financiamentos para a construção de grandes infraestrturas e apoiar o desenvolvimento económico.

Leia o artigo integral na edição 792 do Expansão, de sexta-feira, dia 06 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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