Desta vez o Presidente norte-americano foi mais longe, não só anunciou a compra de 500 milhões de dose de vacinas como acrescentou 750 milhões de dólares de apoio para fazer chegar as vacinas aos braços das pessoas nos países mais pobres do mundo, e pelo menos metade das vacinas vão ser distribuídas pelas várias organizações não governamentais espalhadas por estes países. Ou seja, mais do que comprar, é preciso assegurar que as vacinas chegam às pessoas, e essa é também uma parte do esforço.

No entanto, o plano tem suscitado críticas e frustrou activistas que consideram que é um plano insuficiente, até porque das cerca de 1,1 mil milhões de doses que os Estados Unidos se comprometeram em doar, só 300 milhões chegarão aos países mais vulneráveis este ano, numa altura em que o vírus circula pelo mundo nas suas variantes mais ameaçadoras, sendo que nem os países ricos com a maioria da população vacinada podem estar descansados.

A partilha de patentes ainda é para muitos a solução, mas é um problema que nem a Europa nem os Estados Unidos conseguem resolver.

No início deste ano, a escassez de oferta representou o problema para a vacinação global. Os países mais ricos tudo fizeram para garantir as suas doses enquanto doavam dinheiro para a iniciativa Covax, o programa apoiado pelas Nações Unidas para imunizar o mundo. À medida que essas dificuldades de diminuíram, surgiram outras, uma delas foi uma desigualdade flagrante: mais de 5,9 mil milhões de doses foram aplicadas globalmente, esmagadoramente nos países mais ricos, ou, pelo menos, com estruturas de saúde pública mais capazes.

E quanto às doações prometidas, e de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), só 15% foram na verdade entregues. As Nações Unidas pretendiam ter 70% da população mundial vacinada ainda este ano, a OMS ficaria quase satisfeita se o número de pessoas vacinadas correspondesse a 40% da população mundial.

Entretanto, sabe-se que os países mais ricos terão um mil milhões de vacinas a mais até ao final de 2021, a União Europeia assumiu isso mesmo e dispõe-se a partilhar vacinas pelos países mais pobres, até porque as vacinas têm data de validade definida. Não por acaso, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, referiu isso mesmo no seu recente discurso de abertura da 76.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.