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Third Point diz que a Shell deve dividir-se em várias empresas autónomas

Preços do petróleo ligeiramente em queda, hoje estão nos 82 dólares o barril

O hedge fund de Nova Iorque liderado por Daniel S. Loeb recomenda que a centenária Royal Dutch Shell se separe em "várias empresas autónomas". A multinacional petrolífera admite que atingiu o pico da sua produção em 2019

A multinacional Shell está sob pressão depois da Third Point, consultor e fundo investimento com activos de quase 20 mil milhões de dólares, dirigido pelo reputado Daniel S. Loeb, tido como um dos investidores mais prolíferos de Wall Street, ter aconselhado a separação em várias empresas autónomas, umas ligadas aos combustíveis fósseis e outras às energias limpas, porque, diz a Thrid Point, neste momento a Shell "está atolada numa estratégia incoerente".

A Thrid Point tem na companhia anglo-holandesa uma participação de 750 milhões de dólares.

Para piorar as coisas, esta pressão acrescenta-se a uma decisão do tribunal de Haia que ordenou à Shell que acelerasse os planos de redução de gases de efeito estufa. Sendo que a Shell não é a única companhia sob pressão, o mesmo acontece com a ExxoMobil, nos Estados Unidos, e aqui o hedge fund que pressiona é o Engine No 1.

Numa carta enviada aos accionistas da Shell pela Thris Point, e a que o Financial Times teve acesso, pode ler com a companhia segue "em muitas direcções diferentes" num "conjunto de acções incoerente e conflituante de estratégias" para agradar a múltiplos interesses sendo que na verdade não satisfaz nenhum.

A também consulta, aconselha a Shell a manter uma parte da estrutura da empresa ligada aos combustíveis fósseis, ao mesmo tempo que uma entidade, em separado, deve-se ligar-se às energias mais limpas, e aconselha um "investimento agressivo em energias renováveis e tecnologias de redução de carbono".

A Shell admite que sua produção petrolífera atingiu o pico em 2019. E tem nos seus planos uma redução gradual de 1% a 2% ao ano, à medida que transfere os gastos para energia renovável e outras tecnologias de baixo carbono, como hidrogénio.

A empresa vendeu no mês passado seu negócio de petróleo de xisto em Permian, no Texas, por 9,5 mil milhões de dólares, numa área tida anteriormente como o núcleo de seus negócios de petróleo e gás.

A Shell já esclareceu que está em diálogo aberto com todos os accionistas, incluindo a Thrid Point, mas que o seu plano de transição energética, publicado em Abril deste ano e que recebeu o apoio de 89% do accionistas, é que prevalece por agora.

A Shell é liderada neste momento por Andrew Mackenzie, um homem habituado a liderar sob pressão, foi presidente-executivo da BHP, a maior empresa de minério do mundo, quando a Elliott Management lançou uma campanha agressiva para forçar a empresa a se desfazer de seu negócio de petróleo. O Mackenzie resistiu à pressão da Elliott, embora a BHP esteja hoje num processo de venda de seus activos de petróleo remanescentes.

Mark van Baal, que lidera a Follow This, um grupo que detém uma pequena participação na Shell, expressou relativo cepticismo quanto ao desmembramento da empresa e se isso teria algum benefício ambiental significativo.

"À primeira vista, não vejo como isso ajudará na luta contra as mudanças climáticas - e isso porque ainda não há partes substanciais de energias renováveis ??na Shell. Não vejo o que precisa ser dividido", disse van Baal. Que propõe que se "gere um melhor fluxo de caixa com combustíveis fósseis para investir em energias renováveis".

Por agora, parece mais ou menos evidente que os investidores estão convencidos que a Shell não conseguirá manter o seu modelo de negócio, tal como está, por muito mais tempo.