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Opinião

Eleições gerais (7)

EDITORIAL

Sem querer parecer demasiado duro ou extremista, pergunto-me porque é que os dois principais líderes políticos do País sentem necessidade de se ir explicar a Portugal, de correr para o colo do pai quando já passaram quase 47 anos depois que assumimos a nossa independência?

Neste momento da pré-campanha eleitoral, não deixa de ser curioso que os dois principais candidatos à presidência de Angola, João Lourenço e Adalberto da Costa Júnior, já deram entrevistas na RTP, televisão estatal portuguesa, mas não o fizeram nas televisões angolanas. Não é certamente por causa dos votos da diáspora, que em Portugal não ultrapassam os 40 mil, que vão entrar nas contas do círculo nacional e que por isso não terão qualquer importância nas contas finais. A pergunta que se coloca é "porquê que os dois líderes políticos sentiram a necessidade de dar entrevistas à RTP?".

Parece-me ainda mais estranho quando a comunicação social portuguesa por postura tende sempre a desvalorizar o que de bom se faz no País e a exacerbar as "misérias e os problemas" que vivemos. Sem querer parecer demasiado duro ou extremista, pergunto-me porque é que os dois principais líderes políticos do País sentem necessidade de se ir explicar a Portugal, de correr para o colo do pai quando já passaram quase 47 anos depois que assumimos a nossa independência?

Será que estes pensam que os angolanos acreditam mais numa mensagem que vem via satélite das televisões portuguesas do que é passado nas televisões angolanas? Será que consideram que a credibilidade da TPA e da Zimbo estão definitivamente perdidas e que a maioria dos angolanos não iria acreditar numa entrevista feita num destes canais?

Pois a culpa também pode ser das nossas televisões, ou seja não solicitaram, simplesmente. Outra dúvida também me assalta o imaginário, será que os serviços da presidência também exigiram à jornalista portuguesa que enviasse as perguntas com antecedência como foi feito nas duas últimas conferências de imprensa dadas pelos Presidente da República em Angola? Não acredito, mas não ponho as mãos no fogo...

Outra dúvida me assalta o espírito. Será que o Manuel Fernandes, o Benedito Daniel e o Nimi a Simbi também vão dar entrevistas à RTP? Será que a própria RTP também vai passar os tempos de antena dos nossos partidos na campanha eleitoral? Claro que não!

Até porque estive duas semanas em Portugal e não vi qualquer notícia de destaque pela positiva do nosso País naquela estação ou em qualquer outra de Portugal. Enquanto lá estive foi feito o primeiro voo para o novo aeroporto de Luanda, uma obra grandiosa e importante, e nem um segundo de reportagem. Isto numa altura que os portugueses discutem a construção de um novo aeroporto

O nosso kwanza valorizou face ao euro, a percentagem da dívida face ao PIB baixou, a inflação está a diminuir, em contraciclo como que acontece com o resto do mundo, e também nada, nem um segundo. Agora o estado de saúde do ex-presidente merece inclusive o destaque de repórteres no local, com uma linguagem e uma abordagem no mínimo deselegante e pouco respeitadora.

E é para esta comunicação social que nossos líderes políticos correm quando sentem a necessidade de passar a sua mensagem. Não tenho nada mais a acrescentar!