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Opinião

Para exportar no mercado africano, as empresas angolanas precisam dos bancos comerciais

Convidado

A integração regional é uma poderosa força motriz para o crescimento económico, levando à criação de cadeias de valor regionais e maior eficiência económica.

Ao promover a competição e possibilitar economias de escala, a integração económica promove a inovação, tem impacto sobre a disponibilidade e preços dos insumos, desencadeia a especialização das economias e estimula o desenvolvimento de redes regionais de produção.

O aspecto mais óbvio da integração regional consiste em remover ou, pelo menos, reduzir barreiras comerciais, em particular as barreiras em forma de direitos aduaneiros de importação. Ao fazê-lo, afecta o nível de vendas das empresas localizadas na região. Os efeitos positivos são ampliados quando a integração regional inclui a abolição de restrições de investimento, a resolução de litígios comerciais e a harmonização de políticas que diminuem o risco político e melhoram o clima de investimento.

Ora, a venda de produtos no estrangeiro é uma actividade que exige muito capital. Uma posição financeira sólida é uma das chaves para garantir vantagem de preço no mercado-alvo, bem como permitir a gestão dos riscos associados à volatilidade cambial e ao incumprimento por parte de clientes estrangeiros. A disponibilidade do financiamento é sobretudo crucial na fase inicial do envolvimento das empresas nos mercados estrangeiros, determinando a sua capacidade a integrar estes mercados e expandir os seus negócios no exterior.

Falta de recursos financeiros

Para as empresas angolanas interessadas no mercado da África Austral, no quadro da zona de livre comércio da SADC, ou no mercado africano, no âmbito da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), a escassez de capital e/ou o acesso inadequado ao financiamento podem ser críticos para os seus objectivos de exportação.

Muitas empresas angolanas enfrentam obstáculos financeiros, como as dificuldades de adquirir os fundos necessários para iniciar ou financiar as vendas de exportação. Segundo o diagnóstico do Banco Mundial (Creating Markets in Angola, 2019), "há grandes disparidades no acesso ao financiamento en
tre regiões, tipos de negócios e género", com uma concentração excessiva de crédito às empresas baseadas em Luanda. Ademais, "a maioria dos bancos prefere investir em obrigações do tesouro indexadas ao dólar norte-americano emitidas pelo governo de Angola (uma protecção contra o risco cambial) em vez de emprestar ao sector privado".

Adicionalmente, o peso do crédito sobre clientes na estrutura global de activos dos bancos comerciais tende a diminuir, de acordo com o último relatório da Deloite sobre a banca do país (Banca em análise 2021): em 2020, registou-se uma diminuição de 2 pontos percentuais face ao seu peso em 2019, passando de 19% para 17%, mesmo considerando a entrada em vigor do Aviso n.º 10/2020, que veio estabelecer regras para a concessão de crédito com base no valor do activo dos bancos. "Com esta tendência de diminuição verificada nos últimos anos, o peso do crédito na estrutura global de activos ainda está a ficar mais aquém dos valores registados em mercados mais maduros", como a África do Sul e Nigéria.

*Economista

(Leia o artigo integral na edição 635 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Julho de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)