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Opinião

Riqueza e capital

CHANCELA DO CINVESTEC

Agostinho Mateus, economista e consultor, defende em artigo de opinião que "necessitamos apenas de começar a exercer, de forma gradual, a actividade bolsista, criando capital"

Para além da enorme riqueza em terrenos e casas que foi abordada há duas semanas, existe também uma enorme riqueza monetária. É só olhar para o volume de depósitos a prazo nos bancos comerciais e o volume de massa monetária como reserva obrigatória junto do BNA! Durante o ano de 2021, toda essa riqueza ficou estagnada e, por isso, quase sem serventia principalmente para as empresas e as famílias! Antes de mais, não foi capitalizada por decisão consciente das autoridades monetárias. Pode discutir-se se a imobilização da riqueza sob a forma de stocks monetários inactivos é útil num contexto de inflação num país com excedente de oferta; não concordamos, mas é discutível.

O que já nos parece algo indiscutivelmente mau é imobilizar riqueza sob a forma de reservas não remuneradas no banco central quando o país se defronta com uma enorme carência de capital. O Estado não conseguiu ultrapassar a dificuldade de capitalizar essa enorme riqueza monetária imobilizada por via de um mercado financeiro simples! Até à data de elaboração do pre[1]sente texto, a BODIVA não havia publicado o relatório do último trimestre de 2021. No entanto, é do conhecimento público que foi negociado o primeiro lote de acções no final desse ano, o que consideramos um grande passo em frente. Apesar da forma de negociação específica, o leilão em bolsa mostrou o enorme interesse para iniciar-se o mercado de acções, um mercado que faz falta ao nosso ambiente de negócios.

De facto, não precisamos de uma bolsa financeira internacional de Luanda ou da maior de África. Necessitamos apenas de começar a exercer, de forma gradual, a actividade bolsista, criando capital. Dimensões maiores podem ser alcançadas, mas com o tempo e o trabalho de todos os intervenientes. No final do 2.º Trimestre de 2021, conforme referenciado na sua página oficial, a BODIVA apresentou no "Workshop - BODIVA e INAPEM - Financiamento das PME"S via Mercado de Capitais" uma proposta de requisitos para criação de um segmento para o enquadramento das PME; recentemente foi feita uma actualização propondo-se a segmentação do mercado com uma possível criação do mercado de balcão não organizado para atendimento das MPME, mas, para já, continuam a ser apenas intenções, sem objectivos, sem desenvolvimento e sem prazos.

É urgente que se criem critérios simples de acesso ao mercado de capitais à medida da actual realidade angolana. A implementação de um mercado de balcão não organizado é, de facto, uma via, um passo, para a criação do mercado de acções. É necessário que se crie algo como uma "janela única", onde as MPME possam dirigir-se e contratar todos os serviços necessários ao início da actividade no mercado de capitais. Sem descurar os níveis mínimos de segurança, é necessário que se eliminem os potenciais factores impeditivos a fim de que se dinamize efectivamente o mercado financeiro.

Que por essa via, se crie capital!

(Leia o artigo integral na edição 674 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Maio de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)