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Opinião

Turbilhão

Editorial

A facilidade com que mudam e alteram medidas no sector económico só tem paralelo com a velocidade com que se trocam os ministros. Lança um imposto, baixa o imposto, volta a subir, acaba com ele. Proíbe a importação, importa a todo o vapor, altera a pauta aduaneira, isenta as taxas de importação, aumenta as barreiras alfandegárias. Exige documento, agora já não, troca de exigência. Junta muita legislação, faz regulamentos, não, acaba com tudo. A aposta é este sector, não afinal não é, troca outra vez. Passa a ser obrigatório, não está a resultar, isenta alguns, mas não todos, cria classes, sub-divide as categorias.

Este é o turbilhão da nossa economia, gerida dentro de um carrocel que sobe e desce, faz lumpings e volta à casa da partida, para mais uma viagem. Esta velocidade das decisões reflecte-se depois no nervosismo dos ministros e secretários de Estado, declarações públicas todos os dias, briefings bi-semanais, contradições das abordagens, confusão nos conceitos e, como acontece com quem está mais tempo em jogo, mais possibilidades de cometer erros. Tudo junto faz baixar o barómetro da confiança, questiona a credibilidade e, mesmo quando as decisões são boas e importantes, uma faixa alargada já não acredita.

Esta corrida não ajuda nada à melhoria do ambiente de negócios. Não contribui para esta recuperação que todos queremos, nem ajuda ao desenvolvimento. Esta certeza que de noite sonhei e que de manhã vou implantar pode resultar em muitas áreas, mas na economia não. O curto prazo é inimigo da estratégia. Os caminhos escolhem-se e depois, no limite, alteram-se os passos, mas não se altera a direcção aos primeiros sinais de chuva. Até porque todo este movimento, não percebido, gera aquela ideia que são os interesses pessoais e não os do País que estão no cabeçalho da página das prioridades.

É justo dizer que algumas das medidas económicas anunciadas acabaram por se revelar importantes. Mas fica sempre a ideia do "ponta de lança tosco" que faz 15 remates à baliza e acaba por marcar um golo. E não do craque, que estuda os adversários e só precisa de dois toques na bola para marcar o mesmo golo. No resto do jogo mantém-se discreto. É o centro das atenções sem ter de correr muito, abrir os braços ou atirar-se para o chão, porque cada vez que aparece se reconhece qualidade nas suas acções. Os defesas respeitam-no e os colegas de equipa admiram-no.

Se pudesse escolher, é apenas a minha opinião, gostava de ter uma equipa económica com este perfil. Tenho para mim que ganhávamos todos. Já agora, que a equipa também não estivesse sempre a evocar o treinador para se desresponsabilizar dos seus erros.