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Opinião

As borradas e insolências da oposição

CONVIDADO

A discórdia instalou-se e aprofunda-se e a roupa suja vem, frequentemente, à lavandaria pública.

Depois do período de Luto Nacional, arrancou, há oito dias, a campanha eleitoral de 2022. Mais de 14 milhões de angolanos vão eleger, no dia 24 de Agosto, o Presidente da República, o vice-presidente e os deputados à Assembleia Nacional.

Ao longo dos últimos meses surgiram sinais claros que demarcam os candidatos e os partidos, não só no posicionamento em relação ao eleitor e à sociedade, mas também dentro das próprias organizações. Do cenário político e discursos vieram disparos para todos os lados. Os pretextos da narrativa de vitimização criaram no imaginário colectivo, e creio dos autores, o reconhecimento tácito da incapacidade da oposição de afastar o principal rival político.

Alguns argumentos se encaixam em desculpas mal calculadas e de alegações de iniquidades do oponente. Em face de tamanha incapacidade, a saída foi dar um jeito, aparentemente mais racional, arquitectando alianças coligação que se revelaram, a cada dia, incapazes de caminhar face as resistências e insatisfações.

A jogada de juntar retalhos esparsos, sem força no campo político, vem mostrando que o convívio, entre os pares, também vem azedando e o clima se está a tornar tenso. Alguns dos principais activos da aliança mostram-se desconfortáveis, preferindo esconder-se pela perversão e perturbação.

Esta oposição segmentada indica quão difícil está colocar as peças em cada casa do tabuleiro. A discórdia instalou-se e aprofunda-se e a roupa suja vem, frequentemente, à lavandaria pública.

O imbróglio trouxe à exaustão a crise e, agora, aos chutes e pontapés, as borradas aparecem também reflectidas nas listas para deputados. Pessoas de perfis duvidosos, sem moral, nem ética, associados a actos sociais lesivos completam o composto.

Para piorar, vemos, também em actos políticos, pessoas difíceis de destrinchar. Indivíduos que exalam ambição, vulgarmente chamados de "vendilhões", que por onde passam instalam discórdias, intrigas e deserções.

A pouco mais de 20 dias para o pleito, esta oposição não dá mostras de coerência política, seriedade, coesão, nem uniformidade. Só exibe ameaças, arruaças e não lava a cara. Isto espirra insatisfação, divisão, medo, desilusão e transmite ao eleitor desconfianças e incertezas. O que será desta gente sendo governo? Confusão para repartição de cargos? Instabilidade? Estas são as incertezas dos eleitores, o temor à incerteza, o ápice de um projecto malogrado. Isso mostra que temos uma oposição apocalíptica, ávida de poder a qualquer preço, repleta de indivíduos obscuros, que desdenha as instituições, que instiga instabilidade. Pessoas que lutam por benefícios.

Depois de todos esses anos difíceis que vivemos, o eleitor quer um governo que resolva problemas. Que apresente soluções, que não atrapalhe. Um presidente equilibrado, sério, que nos acalme, nos represente dignamente, sem insolências, nem triunfalismos desmedidos.

As demonizações, as fantasias, as futilidades e rivalidades não dão esperanças. Não deixam vislumbrar, sequer, uma alternância fiável e capaz. Porque essas dimensões da política se reflectem, depois, na vida real do cidadão.

Palavra de honra! Tratar a política assim, com narrativas ásperas e esbaforidas, não abre caminho. Essa gente, pobre de carácter, hipócrita, vazia de propósitos e sem propostas sérias, não vai levar o país p"ra lado nenhum.