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Opinião

O panfletismo disfarçado de jornalismo sobre Cafunfo

Ideias e Visões

O jornalismo é um ramo das Ciências da Comunicação, cujos pilares fundamentais vêm sendo abalados, com maior frequência, com a força das redes sociais. Isso é notadamente verificado, e com recorrente insistência, em veículos tradicionais e, também, nos textos de opinião publicados por jornalistas.

Em Angola, todo esse manancial de desventuras colocam o jornalismo contemporâneo, credível, à prova.

Há, entre esse conjunto de disformidades, outros fenómenos exógenos ao jornalismo sério que procuram sobrepor-se, explorando as debilidades sociais, culturais e o deficiente nível de literacia e interpretação dos fenómenos, impondo a sua vontade como se de verdades absolutas se tratassem.

Os acontecimentos de Cafunfo, do dia 31 de Janeiro, abriram um acalentado debate e alguns actores políticos, e não só, pretendem tirar protagonismos e conclusões antecipadas, mesmo sem saber, em concreto, o que de facto aconteceu.

Preocupa, neste contexto, a colagem de alguns meios de comunicação nacionais e estrangeiros, entre estes também, alguns jornalistas, considerados, profissionais. É que abordam-se os factos sem o distanciamento exigido pelo jornalismo sério.

Como é possível, por exemplo, que um órgão de informação titule de "genocídio" ou de "massacre", o que aconteceu em Cafunfo? Como é possível que figuras consagradas do nosso jornalismo profissional se esqueçam dos princípios de isenção e da objectividade requeridos quando partilham uma versão dos factos esquecendo-se dos fundamentos do jornalismo?

O que sucedeu em Cafunfo, não importa o que de facto aconteceu, é lamentável. E fere os fundamentos de um país uno, democrático e indivisível. Mas, é sempre prudente e responsável não atiçar os ânimos. E é, por isso, essencial que se abordem os factos com isenção, sem adjectivá-los. Classificar o que aconteceu em Cafunfo de "genocídio" ou simplesmente de "massacre", é sectarismo ou, no mínimo, má-fé. Basta olhar para o dicionário ou à nossa volta. Estas práticas inaceitáveis para um jornalismo sério fazem o jogo político, enganam o leitor, o telespectador e o ouvinte.

*Docente Universitário

(Leia o artigo integral na edição 613 do Expansão, de sexta-feira, dia 26 de Fevereiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)